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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

FESTA DO AIPIM EM TINGUÁ NÃO FOI SUSTENTÁVEL E CAUSOU DANOS AO MEIO AMBIENTE



Por: Ricardo Portugal(jornalista e ambientalista)
Foto: Hélder Ferreira da Rede Sustentável denunciante da omissão dos gestores da Festa do Aipim de Tinguá
A polêmica está formada. Dias atrás, muito se falou na mídia e nas redes sociais sobre a Festa do Aipim deste ano em Tinguá, e sua possível sustentabilidade. Até aí tudo bem, uma iniciativa benéfica e a favor da comunidade. No entanto, a questão gerou uma discussão pública entre um dos organizadores da festa, o ambientalista e diretor da Rede Sustentável, Hélder Ferreira (foto), e o diretor de eventos da Secretaria de Meio Ambiente da prefeitura de Nova Iguaçu, Marcelo Reis. 
Em nota pública recentemente divulgada, Hélder acusa a prefeitura (na pessoa do diretor de eventos) de “descaso”, por não ter reconhecido oficialmente o caráter sustentável da festa, e pelo fato de não ter sido incluída a palavra “sustentabilidade” na veiculação dos materiais de divulgação do evento, materiais esses produzidos pela prefeitura. De acordo com o diretor da Rede Sustentável, a atitude tomada por Marcelo Reis, que também responde pela direção da APA-Tinguá, inviabilizou a concretização das parcerias firmadas com os patrocinadores gerando prejuízos financeiros da ordem de dez mil reais, além de danos morais ao ambientalista.
A sustentabilidade que não “vingou”
No início do processo de organização da festa, Helder condicionou seu envolvimento na organização da festa se a mesma tivesse perfil sustentável. Isso implicaria no recolhimento de cerca de 500 litros de óleo saturado, usado na fritura dos quitutes feitos à base de aipim, além da coleta seletiva do lixo produzido nos 4 dias do evento (12, 13, 14 e 15 de julho passado), para posterior reciclagem. O objetivo, segundo ele, era reduzir ao máximo o impacto da poluição que uma iniciativa desse porte produz no meio ambiente. Além disso, o plantio de 6.500 mudas de espécies nativas da mata atlântica também ajudariam na sustentabilidade da Festa do Aipim deste ano, compensando a emissão de CO², conhecido como gás carbônico, altamente poluente.
Uma comissão de organização do evento foi estruturada e Marcelo Reis, pela Secretaria de Meio Ambiente, ficou encarregado de interagir com os integrantes, para viabilizar o apoio logístico da prefeitura às atividades. Helder disse que os patrocinadores (Fazenda Santa Fé e Luso Esporte Uniformes) comprometeram-se em fornecer os equipamentos (bombonas de 200 litros e 25 litros para coleta do lixo e recolhimento do óleo usado nas frituras, respectivamente), incluindo a confecção de camisas de fibra de pet. Mas, infelizmente, nada disso se deu. O lixo produzido não recebeu coleta seletiva e o óleo saturado foi despejado nos ralos, indo desembocar direto no Rio Tinguá. E isso tudo ocorrendo a 100 metros da APA-Tinguá e nos limites da Reserva Biológica do Tinguá, uma região considerada pela UNESCO (órgão das Nações Unidas) como Patrimônio Natural da Humanidade, parte integrante da Reserva da Biosfera. 
Helder garantiu que toda a documentação necessária para a realização da festa foi por ele próprio obtida, como o “nada a opor” do 20º Batalhão da PM, da 58ª delegacia policial, do Corpo de Bombeiros, incluindo a entrega do projeto em mãos ao diretor de eventos da prefeitura, Marcelo Reis. Pelo fato da prefeitura não ter pagado pelos shows musicais da festa, foi necessária a cobrança de uma taxa de cada barraca, para bancar o pagamento dos artistas e da segurança. O coordenador da Rede Sustentável revelou que a prefeitura iguaçuana só forneceu a estrutura da festa, como palanque, som e instalação das tendas. 
O que soa estranho para Helder nessa estória foi a afirmação do diretor de eventos da prefeitura. Segundo Reis, para haver um processo de sustentabilidade em Tinguá, teria que se convocar para esse trabalho a Onda Verde, uma ONG que atua naquela região. Helder desconhece o porquê dessa opinião de Reis, uma vez que tal entidade ambientalista sequer fazia parte da comissão organizadora da festa e também não a patrocinava.
Razões desconhecidas
O coordenador da Rede Sustentável também desconhece o que realmente está por trás dessa polêmica. Segundo ele, Marcelo Reis agiu por conta própria e de forma isolada e arbitrária, ao privar o evento do caráter sustentável pretendido por Helder e por ter dado ouvidos a pessoas como Cirlene da Costa Martins, mais conhecida como “Preta Tinguá”, assessora técnica nomeada na secretaria do meio ambiente da prefeitura iguaçuana. Para Helder, Cirlene foi a responsável direta pela mudança de opinião e postura de Marcelo na questão da sustentabilidade da Festa do Aipim, uma vez que, para ela, o evento deveria ter apenas um perfil gastronômico.
A indignação do ambientalista Helder é tanta com o episódio que o mesmo não descarta a possibilidade de entrar na justiça, a fim de obter reparação pelos prejuízos e danos sofridos. Alega que Reis, na condição de agente ocupante de cargo público, deve satisfações e explicações a ele e à população pelas decisões e atitudes que tomou nesse imbróglio da festa. 
Ele ressalta que a prefeitura promoveu, nos mesmos dias da festa do Aipim em Tinguá, um evento paralelo nas ruínas do casarão da Fazenda São Bernardino, com propaganda da água mineral Xuá. Helder quer saber com qual autorização e recursos a diretoria de eventos da prefeitura realizou a chamada “Estância da Festa do Aipim na Fazenda São Bernardino”, num local tombado como patrimônio histórico e artístico pelo IPHAN. Outro questionamento constante na Nota Pública da Rede Sustentável diz respeito a outro evento paralelo realizado no Condomínio Vale do Tinguá, com o nome de “festa do aipim”, sem a devida autorização da comissão organizadora da Festa do Aipim 2012, e sem a participação da comunidade, onde foram gastos recursos públicos apesar do local ser uma propriedade particular. 

Um comentário:

  1. Boa tarde! Fiquei satisfeita com o profissionalismo e fidelidade desta publicação, uma reportagem que mostra que em Nova Iguassu existe jornais e jornalistas interessados nas questões que tanto agridem o nosso ambiente, obrigado por permitir ecoar as minhas singelas lamentações de uma ação não concretizada e que tanto me atormentou nos últimos meses! Estamos juntos, abraços Helder Ferreira

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