Páginas

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Bicicleta - O novo brinquedo da molecada

 Por: Wandemberg Camara
 Bicicleta - O novo brinquedo da molecada
 Os inesquecíveis anos 50/60 marcaram tempos onde tínhamos grande contacto com a natureza, notadamente, na Nova Iguaçu mais ruralista do lado de cá da recém inaugurada Rodovia Presidente Dutra, onde vigorava até então a, lamentavelmente, extinta Estrada de Ferro Rio D'ouro, em trajeto no qual a saudosa "Maria Fumaça", que além de expelir da chaminé para os céus sua negra fumaça, serpenteava, atrelada aos vagões, sobre o aço dos trilhos, que conduziam nosso povo 'roceiro' do Pé da Serra e Adjacências, até a estação de Francisco Sá (Próximo à Rodoviária Novo Rio), na cidade do Rio de Janeiro, já maravilhosa há essa época.  Eram tempos e localidades nais quais a liberdade era uma tônica no âmbito familiar, que todavia não admitiam certos erros e leviandades dos filhos, punindo-os,  com lapadas nas pernas, tendo como apetrechos cinturões, varas de goiabeira, de amora, e, 'bolo' nas palmas das mãos, com chinelos de couro cru ou até tamancos. Nem por isso morreu alguém, muito menos a marginalidade vigorava como hoje, até pelo contrário, não me lembro de um só bandido criado em nosso bairro. Existiam, sim, naquele tempo, em Miguel Couto, três maconheiros, todos trabalhavam e jamais se deram ao direito de oferecer maconha para quaisquer um de nós. Na verdade nunca se aproximaram da gente, por isso me abstenho de citar seus nomes e famílias, me dando ao dever, isto sim, de afirmar categoricamente: 'de certo, até os maconheiros de nosso tempo eram respeitáveis'... Diariamente ao final da tarde os três caminhavam para o "*registro" para fumar suas maconhas, mas sequer dirigiam a palavra a um de nós, que os tratávamos da mesma forma! Não havia críticas, afinidades, tampouco, animosidade, entre nós e eles.
 Falamos anteriormente que usávamos o trem para passarmos os sábados nas localidades do Pé de serra, onde as águas de rios e riachos fluíam, na busca incessante pelo mar, mas já na segunda metade dos anos 60, um novo modismo tomou força, em termos de transporte, na Baixada - a bicicleta. Nos lugares mais pobres como Miguel Couto apareceram muitas bicicletas já usadas e baratas, então muita gente pode comprar. Dessa época em diante, passamos a usar menos o trem e passamos a usar mais a 'bicicleta', e fazer incursões em filas duplas na base da pedalada, nos paraísos mais próximos, em locais como: Barão de Guandu, Bariri, Iguaçu. Adrianópolis.
 O pouco espaço para carga no novo transporte (bicicleta), nos obrigava a adotar outras alternativas para a alimentação: agora já não levávamos mais às galinhas que assávamos na Padaria Santo Antônio, levávamos, apenas os ingredientes adicionais, como: sal, banha de porco, farinha de mandioca e utensílios, como: 1 panela, 1 frigideira. Pescávamos Pitu no Rio Iguassu(havia em abundancia), fritávamos à beira do Rio; pegávamos jacas, comíamos os bagos, lembrando sempre de cozinharmos o nutritivo caroço com água e sal.  

    

Nenhum comentário: