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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

ESTRADA REAL DO COMÉRCIO

Ney Alberto
Extraído do livro: "Deus nos livre da política de Iguassú" e outros artigos
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL FABRICOU A ESTRADA REAL DO COMÉRCIO
 A Inglaterra (1760) - com a Revolução Industrial- deu início à modernidade capitalista. O militarismo de Napoleão tenta dar-lhe combate. Portugal e Inglaterra são aliados. A política napoleônica proíbe que os portos continentais recebam navios britânicos (Bloqueio Continental). Portugal 'não respeita' e é invadido. A Família Real foge para o Brasil. Na Bahia, o Príncipe Regente Dom João decreta a 'abertura dos portos às Nações amigas'. Os administradores do Reino invadem a Cidade do Rio de Janeiro. Ainda como resultado da citada Revolução - querendo dotá-la de melhoramentos, institui a "Junta Real do Comércio". Em, 1811, numa reunião nesta Junta, foi cogitada a abertura de uma Estrada, a "Real do Comércio". Até, então, só existia um caminho vencendo a "Cerra Tingoá) ou seja, o "Caminho do Azevedo", até Paty do Alferes. Os caminhos do ouro não passavam por lá.
 Além do Maciço do Tinguá as mercadorias produzidas desciam de 'serra-acima', pelos caminhos do ouro, produtos que demoravam a chegar ao Rio de Janeiro por causa da navegações fluviais / marítimas.
 A abertura da Estrada Real do Comércio abastecendo os 'trapiches' da Povoação de Iguassú, acionou o movimento comercial(de passagem) iguassuense, provocando, em 1833, o surgimento do 'município de Iguassu'.
 A História - mal comparando - é interessante peça teatral, encenada nos palcos da Geografia.
 A Revolução Industrial fabricou a Estrada Real do Comércio , incrementando produções e exportações. Estabeleceu importantes transformações  no eixo Iguassú/Paraíba do Sul. As Serranias próximas ao roteiro foram ocupadas.
A Estrada Real do Comércio deu vitalidade à povoação e, depois de 1833, mais vida. Seu declínio começou com a ferrovia por Maxambomba.

COMEÇAVA NO LARGO DOS FERREIROS
 A Estrada Real do Comércio, começando no "Largo dos Ferreiros" , na Povoação de Iguassú, foi - até o início do ano de 1858 - importante traço de união entre as localidades situadas entre Iguassú (Iguassú Velha) e as localizadas antes das propriedades de Barão de Ubá, margem direita do Rio Paraíba(Paraíba do Sul).
 O traçado escolhido foi o detalhado pelo sargento-Mor Inácio de Souza Werneck, personagem de Paty do Alferes. Outro Sargento,Francisco Soares de Andréa, auxiliado por Manoel Joaquim Pardal, dão início às obras. Tarefa concluída em 1817. A estrada - ainda não 'calçada'  - ziguezagueava a 'Cerra Tingoá' e, vencendo-a, descia o Vale do Rio Santana, com ramificações para o lugar  denominado 'Certão' (Conrado) e para 'Bom Fim'(Arcádia). Em 1822 percorreu-a o Botânico francês, Saint Hilairie, que afirmou: 'Seja como for, é difícil encontrar-se caminho mais pitoresco'. Durante 15 anos - mesmo bem transitada por tropeiros - ficou mal conservada. A expansão cafeeira revitalizou-a. Em meados do século dezenove foi 'empedrada', depois de encurtamentos, sob a responsabilidade do Coronel-de - Engenheiros Conrad Jacob Niemeyer. Calçada, em longos trechos, com pedras(pé-de-moleque). O pesquisador Brasil Gerson ( em 'O ouro O café e O Rio') a ela assim se referiu: 'poderia também chamar-se a primeira Estrada do café dos Brasileiros'. O Porto do Iguassú na Praça do Comércio deve ter sido montado após o 'calçamento' desta Estrada, porque, em mapeamento de 1837, não aparece.
  O Maciço do Tinguá, até 1896, era conhecido com esta denominação: "Serra do Comércio".

RECONSTRUÇÃO DA ESTRADA REAL DO COMÉRCIO
Por carta, Conrado Niemeyer ('O Velho'), datada de primeiro de abril de, 1843 - sem nenhuma brincadeira - prestou informação ao Presidente (governador) da Província (RJ): "Está concluída huma oitava parte do calçamento da serra do Tingoa, (200 braças) ao qual me comprometi em Dezembro do anno findo; mais da metade da Serra da Viuva, (800 B ) se acha pronta, e bem assim colocadas, no espaço de seis mezes entre as duas ditas serras, na extensão acima de 2 1/2 legoas onse formosas e seguras Pontes sobre corgos e Ribeirons consideráveis, com optma Madeira de Ley e boas cabeceiras de grossa alvenaria dita, e de aspecto nobre. Muralhas, Paredoms, Esgotos travessoms longitudinais calçados feitos a superfície do do terreno em lugares próprios, e em número suffeciente; grandes descortinamentos mais obras necessárias, a tornarem desde a Villa d'Iguassu athé ao lugar do Serviço avançado na extenção maior de cinco legoas, huma porção d'Estrada de que me não envergonho ser o Empresário"
 A"Reconstrução" da Estrada Real do Comércio deu mais movimento à Vila de Iguassú, trazendo, para os portos, maiores volumes de mercadorias exportadas pelas embarcações de "fundo de prato". Revitalizando, consequentemente, o movimento comercial de Iguassú.
 Nota: não confundir o citado Conrado Jacob Niemeyer ("O Velho")com o outro Conrado Jacob Niemeyer ("O Novo"). O último do mesmo nome, fundou o Bairrode São Conrado, construiu a Capela (de São Conrado), a Avenida Niemeyer e, além de outros empreendimentos, fundou o Clube de Engenharia.

 Conrado Jacob Niemeyer ("O Neto")nasceu na serra do Tinguá(31 de maio de 1842) e faleceu em 1919( 5 de novembro).
 Outro iguassuense esquecido.

EMPREITEIRO DA MELHOR QUALIDADE
 Conrado Jacob Niemeyer ("O Velho"), prestando informações a respeito das obras, sob sua responsabilidade, na Estrada Real do Comércio, escreveu: "Hé para mim doloroso, e mesmo para o trânsito público ter de calçar inutilmente na Serra mais de 100 braças em terreno solido, com deslise suave, e deixar adiante em muitos lugares por me não ser possível nem a isso obrigado, porçõens d'Estrada que para terem duração não podem dispençar o Calçamento; a vista do exposto pode V.Exa. querendo mandar fazer os exames necessários para para remover os Calçamentos dos lugares inúteis da Serra para aquelles aonde mais conveniente for, e bem assim fazer o trabalho feito durante o trimestre findo, que eu para bem do serviço público, e para agradar a V. Exa. estou disposto a todas as alterações razoaveis". " Também me cumpre declarar a V.Exa.que esta Estrada sem ter concluída a Ponte do Rio Parahiba não pode bem realçar em sua importância". Nota: refería-se a ponte de Ubá. (informações encaminhadas ao Presidente da Povíncia do Rio de janeiro, João Caldas Vianna , datada de PRIMEIRO DE ABRIL DE 1843.
Para Conrad Jacob Niemeyer(O Velho), o dia primeiro de abril não foi "dia da mentira". 


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