Cici, Branco e Vander (filho de Cici) |
Homenagem póstuma a Cici
Esse ‘Causo’, que 'deu o que falar', nos foi passado alguns anos atrás pelo inolvidável Cici (FOTO) que veio a falecer no início deste mês de janeiro de 2017, deixando saudade e uma bela história no futebol amador de Nova Iguaçu. Meia atacante dos bons, Cici, foi no passado um dos craques da saudosa equipe do Vila de Cava, que um dia qualquer dos anos cinquenta caiu na besteira de jogar contra o time que jogava um tal de Manoel o – “Cão Chupando Manga” - que entrou no segundo tempo para ‘massacrar’ o Vila.
Excurssões de futebol
Atigamente entre os anos 50 e 60, era hábito dos clubes de futebol amador, quando o campeonato da LID – Liga Iguaçuana de Desportes (Hoje - Liga de Desportos de Nova Iguaçu), não estava em andamento, excursionarem para outras cidades do Estado, e, algumas vezes, até às praças mineiras ou paulistas mais próximas. Assim famílias inteiras integravam as caravanas que chegavam a ser compostas por quinze a vinte ônibus, alugados à base de ‘rateio’.
No ônibus da frente - conhecido como - “Abre Ala” – invariavelmente uma faixa - meia que “folclórica” - era colocada na frente do radiador com dizeres mais ou menos assim: “A EQUIPE DO (...) SAÚDA POVO E IMPRENSA LOCAL E PEDE PASSAGEM!”. Nas laterais dos demais ônibus outras faixas, fazendo alusão ao time, eram expostas, orgulhosamente, com dizeres ufanistas que chegavam a arrancar arrepios dos mais emotivos! No interior dos veículos uma cantoria só! Pandeiro e cavaquinho não podiam faltar!
E, lá, iam eles, felizes, para a partida emocionante, chegando ao extremo de, para tornar apoteótica a chegada, soltarem, mal entrassem na localidade de destino, uma saraivada de fogos das janelas dos coletivos, provocando grande estardalhaço e, muitas vezes, dado ao horário, acordando moradores da cidade, que também se sentiam felizes com os visitantes. Pelo o menos até a hora do jogo!
Mas não se iludam! Quando a bola rolava o fanatismo investia os torcedores e a coisa mudava de figura dando lugar a animosidade. Muitas vezes no calor da disputa a porrada “estancava”, dentro ou fora de campo, indo gente parar na Delegacia local, que não raro resolvia o desentendimento sem que ninguém ficasse preso.
Excurssão do Vila de Cava à Raiz da Serra
De certa feita, o Vila de Cava F.C., que nos meados dos anos cinqüenta tinha um timaço de futebol, foi jogar em Raiz da Serra. Nesse dia, porém, não houve atritos à lamentar, o embate era, mesmo, focado na bola.
O Vila estava completo: No arco Toninho (pai do ex-vereador Marcos Fernandes). Na zaga destaque absoluto para o saudoso ‘center-hauffer’ Padilha; Cici era o meia atacante; Neném exímio ponta direita; Heraldo; Carvalhal; Nilton Meleca; e, o ‘maior’ deles todos - o finado, Moisés sem Braço, assunto, até hoje, dos comentaristas esportivos de última hora de Vila de Cava.
O primeiro tempo fora emocionante. O fantástico Moisés, que não tinha um dos braços, já houvera balançado a rede adversária três vezes. O “diabo” é que a equipe do Raiz, que também era muito boa, empurrara 4 na rede do Toninho! Mas, não havia de ser nada, os jogadores do esquadrão de Vila de Cava jogavam bem e estavam certos da vitória. Virar o placar adverso, seria apenas uma questão de tempo.
Enquanto não começava o segundo tempo, um ‘zum-zum-zum’ entre os torcedores locais, aguçava a curiosidade do ‘povo’ visitante. Na iminência do adversário virar o resultado do placar, a torcida da casa pedia em coro a entrada de um tal de Manoel!
Deve ser o ‘Seu Manoel da Padaria, local’. Todo lugar tem um Manoel da Padaria”, deixou escapar a título de gozação um torcedor morador da Rua Helena no simpático bairro de Nova Iguaçu.
A entrada do Manoel
Quando o Raiz da Serra voltou do vestiário para o segundo tempo, o tal do Manoel veio junto, arrancando efusivos aplausos de sua galera.
Ao observar melhor o tal Manoel, logo os atletas e a torcida do Vila perderam o medo, pois tratava-se de uma figura bastante “bizarra”. Ao arriscarem uma breve comparação entre seu craque Moisés que já fizera 3 gols na partida e, o empenado que acabara de entrar, lhes parecia óbvio que o Vila tinha tudo para ganhar o jogo. O craque do Vila não tinha um braço, mas, pelo menos, estava no prumo, já o Manoel era todo torto parecia um arco. Sua perna esquerda era arqueada pra dentro a direita para fora. Não lhes pareciam que o torto pudesse, sequer, jogar futebol!
Na verdade o pessoal do Vila só pode entender a euforia da torcida da casa depois que teve início a segunda etapa da partida.
O jogador torto parecia um furacão! Jamais os excurssionistas da Vila poderiam, sequer, supor ver coisa igual! Para começar ninguém conseguia tirar a bola de seus pés, e, os gols foram se sucedendo, um após outro. O torto era o “cão chupando manga”. Era só o juiz dar nova saída para o Manoel fazer outro gol. No final o jogo acabou 11X4 com nada menos de sete gols marcados pelo homem bizarro.
Nota da redação: Para quem não sabe, o Manoel, que 'acabou' com o Vila, naquele domingo ‘tenebroso' para a equipe iguaçuana, ficou muito famoso e se tornou um Deus do futebol mundial, ficando conhecido como: "Mané Garrincha - O Gênio das Pernas Tortas".
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