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domingo, 13 de março de 2011

MISTÉRIO NO SÍTIO DOS CONFINS DE RIO D'OURO

Série: De Certa Feita...
Por: Wandemberg
De certa feita há cerca de cinquenta e tantos anos atrás Namiro(foto), que hoje é aposentado e residente em Miguel Couto, deixou Minas Gerais e veio morar com a família no Estado do Rio de Janeiro, mais precisamente no bairro Moquetá aqui em Nova Iguaçu. Foi quando seu pai que se chamava Joaquim conheceu um comerciante que, por coincidência, também era Joaquim. Tão logo se certificou da honradez e do trato com as coisas da terra do Joaquim 'mineiro', o Joaquim 'comerciante' fez ao xará uma proposta para que ele fosse tomar conta e morar com a família em um sítio seu, que distava cerca de uma hora e meia de Rio D'ouro(andando a pé).
Após conhecer o local, a família se encantou e, de pronto, o 'velho'deu a palavra final aceitando a proposta do comerciante. "É muita sorte um local como esse estar sem caseiro, comentou um dos filhos!". Com efeito, pelo menos para os que não conhecessem mais amiúde o local, tinha sentido a observação. Até o limite do olhar humano fartura e beleza resaltavam-se por ali. A começar pelo viço da sortida horta; passando pelo pomar repleto de coloridas frutas; um riacho abalroado por carás, piabas, bagres, traíras e outros peixes mais; e, ainda, para diversificar qualquer cardápio, um imenso cercado de tela, tendo ao centro o galinheiro, onde galinhas caipiras se juntavam às D'Angolas, patos, marrecos e perus. Mais distante - a sinuosidade das serras do Alto Tinguá, tintadas pela Mãe Natureza nos mais variados tons do verde da Mata Atântica tinha encontro obrigatório com o magnífico azul do céu que, se durante o dia ganhava claridade ao ser banhado pela luz do sol; durante à noite despoluída daqueles tempos, seu azul, escuro profundo, contrastava com com o brilho ofuscante das estrelas, lembrando uma abóbada aveludada sobreposta a um punhado de cintilantes diamantes, evidenciando a grandeza insondável do infinito. Mal sabiam, entretanto, que não obstante toda aquela magnitude, coisas estranhas, muito estranhas, aconteciam com frequência naquele distante pedaço de terra. Coisas que acabariam por deixar perplexos os membros daquela prole familiar.

-Eu era ainda um criança quando fomos morar naquele sítio em Rio D'Ouro. Toda vez que lembro desse episódio chego a ficar de cabelo em 'pé', conta Namiro apontando o dedo indicador em riste para os cabelos do ante-braço, que se encontravam arrepiados!
Pelo alvoroço dos cães ladrando no terreiro, achamos que algúm animal selvagem havia invadido o sítio. Meu pai sem perda de tempo, carregou até à boca, a espingarda - calibre doze -, com poder de fogo suficiente para derrubar até um 'dinossauro' e, tendo eu e meu irmão a segui-lo, se dirigiu ao local da balbúrdia. De certo, fosse qual fosse o animal invasor estaria em apuros, até porque, o 'pai' era considerado exímio atirador conforme ficara comprovado tempos atrás nas matas mineiras, por isso imaginei que, logo logo, o couro do bicho estaria esticado na parede, ou servindo de tapete no piso tosco da sala, a molde de decoração.
Ao chegarmos ao local da algazarra, verificamos que aos poucos nossos cães foram se aquietando. Agora o alvoroço se dava no sítio ao lado, e , os latidos vinham da matilha do vizinho, certamente a fera teria ultapassado os limites da propriedade. Mas como poderia, se a cerca que limitava os dois sítios era, por assim dizer, uma extensa 'muralha' de intranspunível espinheiral? Nada nem ninguém teria como transpô-la em curto período de tempo. Para intrigar ainda mais nossas mentes, os cães de nosso sítio voltaram a atacar. A algazarra agora era alternada - em algúns momentos se dava em nosso território, em outros na propriedade ao lado.
Sob as ordens de papai, nos acocoramos por trás de uns arbustos e aguardamos que o motivo de toda aquela confusão surgisse em nosso campo visual. Para buscar mais precisão no momento do tiro, meu 'velho', 'descansou', estratégicamente, o cano da 'doze' na forquilha de um arbusto, por trás do qual se atocaiara e ficou, pacientemente, no aguardo. A sorte do 'bicho' estava lançada!
Já se íam alguns minutos quando pra nosso espanto, eis que, surge bem à nossa frente uma figura do tamanho de um homem, tendo em seu encalço a cachorrada. Ao determo-nos em sua silhueta e movimentos, o pavor tomou conta. Meu pai nem tanto, porém eu e meu irmão, sim! Aquela coisa não era humana, também não poderia fazer parte de animais pertencentes à fauna do planeta (hoje sei). Fosse lá o que fosse, deslocava-se saltitando propulsionado pelas patas trazeira e usando às dianteiras apenas como base para apoiar-se ao chão, como se fora um gigantesco sapo.
Sem se fazer de 'rogado', meu 'velho' fez pontaria e 'mandou chumbo'. O bicho sumiu como por encanto na fumaça da pólvora, e , o silêncio voltou a reinar naquelas paragens. No dia seguinte vasculhamos toda a área e não encontramos nenhum vestígio daquela 'coisa', concluiu Namiro, com uma réstia de pavor na voz.

sábado, 5 de março de 2011

O SEGUNDO PORTO MAIS IMPORTANTE DA PROVÍNCIA


Por: Ney Alberto
O Porto de Iguassú - implantado num "alagado" alimentado pelo córrego - Lava-Pés - não ficava à margem do Rio Iguassú. O relatório da Província do Rio de Janeiro, de 1857, dá conta do seguinte: era o segundo mais movimentado da Província, perdendo apenas para o Porto de São João da Barra. O de Iguassú foi, com certeza, construído depois de 1837, porque não apareceu no mapeamento, feito por Conrado Jacob Niemayer, neste ano.
Nos anos de 1854, 55 e 56, do Porto de Iguasú foram "exportados" muito café, quantidades menores de feijão, farinha , tapioca, e outros gêneros . E acrescenta o citado relatório: "quase todos os gêneros exportados são produzidos pelos municípios de Iguassú, Vassouras, Valença, Parahyba do Sul, e alguns outros circunvizinhos: da nossa província e da de Minas Gerais, que descem ao porto pelas Estradas do Comércio, Verneck, Polícia e Presidente Pedreira".
E ...afirma o relatório: "Este porto tem muito de decahir logo que funcione a estrada de ferro de D. PedroII". A citada Estrada de Ferro - que recebeu uma estação em Maxambomba, instalada à margem direita da "Estrada de Iguassú" - foi inaugurada em 29 de março de 1858.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Só Amigos - Radio Tropical

Por: Ruy Tecnocrata


Radio Tropical - 830 AM

Dia 20 de Novembro de 2010, dia de Zumbi dos Palmares, o programa Samba, Cultura e Lazer, levou ao ar, com auditório repleto de convidados ilustres, o seu 4º Aniversário. Idealizado pelo nosso saudoso Wilson Santos, hoje tem como apresentador Reginaldo Barbosa e seus parceiros locutores: Ednelson Senra e Miroval Santos, na técnica: Gilberto Alves e completando a bancada de locução: Zequinha 22; o programa de sábado, é apresentado das onze horas às 12 horas. Presentes a comemoração personalidades ligadas ao mundo do samba como: Pinga, Hugo Bispo, Roxinho, Menilson, Messias, Paulinho TJ, Adilson Dr, Sergio Cara-preta, Juninho, Silvio Serra, Helio Veneno, Brito, Carlin Neguin, Horácio, Paulinho Careca, Pof.ª Cremildes, Profª Nadia, Ana Carolina, Fausto 100% e tantos outros.

Só Amigos - Carlin Neguin

Por: Ruy Tecnocrata

“Alô Família, pode chegar..., chega mais..., sempre com uma palavra carinhosa Carlos Roberto de Carvalho do Jardim Tropical é o nosso “Carlin Neguin” um cidadão Só Amigos. Hoje morador do bairro Santa Eugênia desenvolve inúmeras atividades comunitárias. Com outros colaboradores, se propõe a resgatar o carnaval familiar de rua, o alegre e contagiante BC Passo do Ganso, mantendo assim a cultura e a preservação da história do bairro onde nasceu e se criou. Coordenador de inúmeros eventos culturais na Praça do Jardim Tropical, o Espaço Família, Carlin Neguin mantém o bairro em evidência no município de Nova Iguaçu. Formador de opiniões e incentivador de vários jovens talentos do samba, Carlin Neguin tem os seus pupilos prediletos: “Fabinho do Cavaco”, “Jackson do Banjo” e “Vinícius da Cuíca”. No bairro Santa Eugênia, ali pertinho do GRES Leão de Nova Iguaçu, Carlin Neguin circula fácil entre os amigos como: Bira do Leão, Menílson, Claudinho, Jadir Mendes, Horácio, Mortadela, Paulo Copa, Café, Copão, Batata, Tiganá, Nelson do Banjo e tantos outros. Mas a sua paixão é mesmo Jardim Tropical, o Espaço Família, onde junto com um outro entusiasta e morador do bairro, o nosso “Menílson do Som”, está sempre reunindo os amigos numa roda de samba para cantar a paz, a harmonia e trazer alegria aos corações das pessoas que ali compartilham o Espaço Família.

Espaço do Samba - Jairo Braulio

Por: Ruy Tecnocrata


JAIRO BRAULIO


“...... firma o batuque menino que isso é samba de roda, isso não é novidade, na Bahia é moda......” e “... caramba Eu não quero bagunça no samba...”, na história dos Bambas do samba de Nova Iguaçu, podemos dizer que JAIRO BRAULIO DE OLIVEIRA, mais conhecido como Jairo Braulio é um outro representante da música iguaçuana, um verdadeiro menestrel do samba de roda, como Cantor e Compositor. Sua vida de sambista participativa começou como compositor de músicas para os saudosos blocos carnavalescos, BC Bafo da Cobra e BC Xuxu, alegria do povão nas ruas de Nova Iguaçu e do Rio de Janeiro nos anos 60. Ingressou na Ala de Compositores do então BC Leão de Iguaçu, hoje GRES Leão de Nova Iguaçu, onde foi campeão com os Sambas Enredo:“E Eles Vieram de Além Mar”(JairoBraulio/MarioCarabina/Claudinho)/“Canto, Encantos e Recantos da Bahia”(c/M.Carabina/Claudinho)/”Oba Oba Ziriquidum Skindo”/“O Que É, Que A Baixada Tem”(c/M.Carabina/Claudinho/JorgeDoCavaco)/”Quem Te Viu Quem TV”/(c/M.Carabina/Claudinho/A.Magrinho),como puxador oficial destes Sambas Enredos colaborou na passagem da GRES Leão de Nova Iguaçu(1991) para o Grupo Especial (este último homenagem a escritora Janete Clair). Foi integrante da Ala de compositores das Escolas de Samba: GRES Unidos da Ponte e GRES Mocidade Independente de Padre Miguel. Participou de inúmeros projetos musicais: “Embaixada do Samba”(produção: Tuninho Galande - Prêmio FIAT/1991), com as músicas: Doce Olhar(JairoBraulio/MarioCarabina/LaísAmaral)/Firma o Batuque(c/M.Carabina) /Velhos Tempos(Romildo/LuisGrande); “Seis e Meia”(Teatro João Caetano/1991,idealização/direção: Albino Pinheiro); “Puxando Conversa”(programa jornalístico, participantes: Walter Filé, M.Carabina, Claudinho e AdilsonMagrinho); “Sombra da Terra (SESC – com a presença de Noca da Portela); “Sergio Fonseca Convida”(2004); “Homenagem ao Compositor João do Vale” pela Secretaria de Educação de Nova Iguaçu, onde teve a honra de cantar a música inédita: Avisa A Minha Nêga (Eduardo Bentes) que veio a ser gravada posteriormente no CD Carcarás da Baixada. Figura carimbada em alguns meios de comunicação escrita Jornal Teia (1983) na coluna “Samba e Opinião” e Jornal O Dia (20/8/89) na coluna “O Doce Olhar de Dois Compositores Inéditos”. Com o Grupo Pirraça cantando: músicas- Firma o Batuque e Caramba (J.Braulio/Paulão), apresentou-se no Museu da Imagem e do Som/1991). O Cantor Jairo Braulio como vocalista participou de alguns Grupos de Samba: Sambalaço Show, Lá Vem Samba, Nova Safra e Fino do Samba, neste tinha como música de trabalho(inspirada numa situação de quadra de um parceiro): Vacilação (J.Bráulio/M.Carabina)”...compadre chegou no pagode doidão e batido, deixou a comadre na mesa e subiu pra cantar...”; participa no CD SAMBAIXADA(produção de Décio do Cavaco) com as músicas: Saudades de Mim (Romildo) e Vou Morar na Roça(J.Braulio); atualmente está cantando com seu grupo de parceiros: Dande do Cavaco, Rodrigão, Bagagem, Chico do Surdo, Alexandre Sabiá (nas noites de sextas-feira na Pizzaria Só na Massa) divulgando suas músicas, dividindo o palco com os amigos que o prestigiam e cantando as pérolas do samba brasileiro e da MPB . Grandes saudades de Tio Chico, Biraquininho, Dedé da Portela, Romildo, Miltinho e tantos outros. Aos parceiros de luta no samba: Mario Carabina, Cantuário, Roberto Professor, Menilson, Claudinho, Joel do Cavaco, Adilson Magrinho, Neguinho da Beija Flor, muito obrigado e aos tantos outros estamos aí! Agradeço a Turma do BC Bafo da Cobra, BC Unidos pelo Chifre, ao Bar Bunda de Fora, Momentos Bar, Pizzaria Só na Massa, Hugo Bispo(Cd Tamos Juntos), e tantos outros. Gostaria de deixar registrado o seguinte: fazer parte de painéîs fotográficos com textos explicativos, onde os mesmos tentam sensibilizar a sociedade e gerar motivação constante no processo afirmativo do negro, focalizando-o como personagem fundamental para a compreensão da história sócio cultural do município de Nova Iguaçu (texto adaptado a partir do prospecto “Ilustres & Anônimos”), é lembrar de:“Uma Tarde Iguaçuana”(Pinga/J.Braulio) “...como foi bacana nossa tarde iguaçuana, cantei com Só Miúdo, curti o fino do samba; Lá Vem Samba conjunto empolgado prá caramba, está provado que aqui na baixada só tem gente bamba...” Fazer parte do acervo vivo da Cultura Negra Musical de Nova Iguaçu, assim como PINGA, é que me traz a certeza de que contribuí para o estudo comportamental do negro na cultura da sociedade iguaçuana e brasileira.

Só Amigos - Sherry Comemora Zumbi

Por: Ruy Tecnocrata

Sherry com a presença do Vereador Anderson Santos, Familiares, Representantes da Comunidade, proporcionou aos seus amigos e comunidade de seu bairro um dia de lazer com muita alegria, show, animação, gincanas, almoço, paz e confraternização no Sitio Primavera na Cobrex.

quinta-feira, 3 de março de 2011

O Cavaleiro da Esperança


Série: De certa Feita... Por: Wandemberg

De certa feita fui convidado por Alexandre a participar de um evento em que certo cidadão histórico iria comparecer para trazer a palavra da ideologia que seguia(comunista). Meu amigo Alexandre, organizador e coordenador do evento, além de Brizolista, era pedetista de carteirinha. Já eu, apenas Brizolista.
O evento se deu no então 4º Distrito de Nova Iguaçu (Belford Roxo), na casa de Ari Silva, há época, importante integrante do PDT municipal.
Os militantes dos partidos, ditos de esquerdas, estavam todos lá gritando palavras de ordem e agitando suas bandeiras com predominancia na cor vermelha: PCB, PCdoB, PDT, PT(um novo partido que ganhava força).

Nesse clima de euforia meu amigo, de microfone em punho, começou a convidar aqueles que comporiam a Mesa, cerca de 12 pessoas, a maioria vereadores do Legislativo Iguaçuano e ainda Aluiso Gama (há época postulante ao cargo de Prefeito de Nova Iguaçu) esposo da atual prefeita Sheila Gama. Foi quando para minha surpresa , com ar e voz solene, como se estivesse se dirigindo a uma nova versão de Roberto Marinho, o interlocutor me convidou para fazer parte da mesa:
"Convidamos o jornalísta Wandemberg Nascimento Camara a compor a mesa".
Em nome da verdade lhes digo. Pouco valeu a enfase dada pelo interlocutor, posto que menos de meia dúzia de palmas me acolheu.
A cadeira indicada para que eu tomasse acento à mesa ficava ao lado direito da cadeira central ocupada pelo futuro Prefeito Aluísio Gama, que tinha a seu lado esquerdo o tão ilustre cidadão. Ambos, ao contrario de mim, delirantemente aplaudidos quando tiveram seus nomes anunciados.
Após a composição da mesa Alexandrre, passou a convidar sucessivamente alguns de seus ocupantes para discursarem. Eram pronunciamentos longos marcados pelo egocentrismo e proferidos com fulcro na 1ª pessoa do singular: Eu fiz isso...! (...)fiz aquilo...! (...) Fiz aquilo outro...! O desinteresse da platéia era evidenciado pelo falatório paralelo aos discursos cada vez mais enfadonhos.
De repente , não mais que derrepente, "como diz o outro", quando só faltavam, a meu ver, as falas daqueles que realmente deveriam se pronunciar: Aluísio Gama (candidato da esquerda) e, o ilustre convidado, meu amigo Alexandre, inadivertidamente, manda essa!
-Com a palavra o jornalista Wandemberg Nascimento Camara! Será que ele estaria se referindo à minha pessoa, me perguntei? Olhei para um lado, olhei para o outro e cheguei a embaraçosa conclusão. É, parece que o único Wandemberg aqui sou eu! Por que será que os Wandembergs são tão raros? Ocorre que que nunca na vida houvera pronunciado um único discurso e, jamais entrou em minha lista de pretenções a idéia de falar em público. Quando desci ao planeta o criador não me permitiu o dom da palavra, permitiu-me, isso sim, no máximo escrever umas matérias 'chinfrins' como essa, por isso mesmo, tinha pavor a microfones(até hoje tenho)meu objetivo principal ali, era, tão somente, fazer matéria para o jornal Tribuna de Miguel Couto, que foi o primeiro jornal de daquela localidade. Ademais , se fosse falar o bloqueio seria certo. Ía gaguejar, contradizer-me e com certeza muitos dos presentes zombariam de mim. Quem sabe até me dariam uma homérica vaia. Meu embaraço, não passou despercebido pela platéia, e , curiosamente , acabou virando o antídoto que fez com que cessassem o falatório, e todos, sem excessão, me dirigissem os olhares que me puniam com o constrangimento.
Naquele momento de angustia o som mortal do silêncio absoluto chegava a doer em meus ouvidos. De um lado eu ali estático olhando para o público com os olhos esbugalhados sem saber o que dizer. De outro o público, mudo, da mesma forma olhando apra mim, com chispas de sádica cobrança, como se exigisem de mim um pronunciamento imbecil, simplesmente para me lincharem, logo após.
Foi quando meu anjo da guarda resolveu intervir e me tirar daquela situação embaraçosa, ditando em minha mente a saída de mestre (que repeti) de um humilde discípulo, que foi ali apenas para conhecer um verdadeiro Mestre.
" Amigos, gostaria muito de ter o que lhes dizer, como fizeram os que usaram à palavra antes de mim. Ocorre que não vim aqui para isso. Vim com o mesmo objetivo que os senhores da platéia, qual seja , de ouvir e aprender com o Mestre aguardado. Por isso cedo, integralmente, o tempo à mim concedido, para o Cavaleiro da Esperança - Luiz Carlos Prestes(foto)!", esse era o nome do palestrante.
Agradecido pela deferência Luiz Carlos Prestes, desceu de sua cadeira, rodeou Aluisio Gama e me deu um beijo na testa. Baixinho, ele equiparava sua altura à minha(tenho 1.82m), mesmo eu estando sentado e ele de pé.
Até hoje me indago. Como pode um homem tão baixo na estatura física, legar páginas tão gigantes à história da Nação Brasileira? Só pode ser a estatura moral, penso!