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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

MANOEL 'O CÃO CHUPANDO MANGA'

O saudoso Cici, Branco (amigo) e Wander (filho de Cici)
Por: Wandemberg
MANOEL O 'CÃO CHUPANDO MANGA'
Fonte de Informação: CICI
Esse acontecimento nos foi passado por CICI(FOTO), meia atacante dos bons, que faleceu recentemente, à época, um dos craques da saudosa equipe do *Vila de Cava, que um dia qualquer dos anos cinquenta 'caiu na besteira' de jogar contra o time que jogava um tal de Manoel – “ O Cão Chupando Manga” - que entrou no segundo tempo para ‘massacrar’ o Vila. 
Excursões de futebol
  Antigamente, na época de 'ouro' do futebol amador de Nova Iguaçu, entre os anos 50 e 70, era hábito dos clubes, quando o campeonato da LID – (Liga Iguaçuana de Desportos) não estava em andamento, excursionarem num dia de domingo para outras cidades do Estado, e, às vezes, até para 'Praças' mineiras ou paulistas mais próximas, para jogo de futebol, amistoso. Assim, torcedores representados por famílias inteiras integravam o comboio nas excursões que chegavam a ser compostos por dez a quinze ônibus, alugados à base de ‘rateio’.
  No ônibus da frente - que ficou conhecido como - “Abre Ala” – invariavelmente, uma faixa, meia que “folclórica”, era colocada próxima ao radiador com dizeres mais ou menos assim: “A EQUIPE DO (...) SAÚDA POVO E IMPRENSA LOCAL E PEDE PASSAGEM!”. Nas laterais dos demais ônibus outras faixas, fazendo alusão ao time, eram expostas, orgulhosamente, com dizeres ufanistas que chegavam a arrancar arrepios dos mais emotivos! No interior dos veículos uma cantoria só: Pandeiro, surdo, banjo, violão e cavaquinho não podiam faltar!
   E assim, felizes da vida, lá iam eles para o encontro emocionante entre duas equipes de futebol que, salvo raras exceções, jamais houveram se encontrado em uma Praça de Esporte. Os visitantes, via de regra, chegavam ao extremo de, para tornar apoteótica e anunciarem a chegada, soltarem, mal entrassem na localidade de destino, uma saraivada de fogos das janelas dos coletivos, provocando grande estardalhaço e, muitas vezes, dado ao horário, acordando moradores da cidade, que também se sentiam felizes com os visitantes tão aguardados. Bem, pelo o menos até a hora do jogo, porém depois... 
   E.C. Miguel Couto
Chico Açougueiro 'fumou' o morteiro e 'soltou' o charuto
  Numa dessas excursões, registrada nos anos 50, de um dos  mais laureados clubes da história de Nova Iguaçu e da Baixada Fluminense, o - E.C. Miguel Couto -  quando o ônibus em que se encontrava o velho 'Chico Açougueiro', fundador do clube e pai do técnico Joãozinho, deu entrada na Cidade, no célebre momento do foguetório, o velho, fumante de charutos e fogueteiro contumaz, na hora de soltar morteiro se equivocou e acabou por inverter os procedimentos. Assim, após acender o morteiro nas cinzas do charuto, esticou o braço com o charuto para fora da janela, ao tempo que colocou à parte achatada onde se segura o morteiro, entre os lábios como se fosse fumar charuto! O resultado desse procedimento foi uma verdadeiro bombardeio dentro do ônibus, mas, segundo os devotos de São Miguel Arcanjo - Padroeiro de Miguel Couto* e do Esporte Clube Miguel Couto, o Arcanjo estava atento e, entre mortos e feridos todos escaparam com vida e sem um aranhão sequer, porém, embaixo de um grande fumaceiro e de uma sequencia de explosões!  
   Antes um 'Mar de Rosas', depois...
  Antes de começarem os jogos tudo era confraternização, tudo era gentileza, mas não se iludam, quando a bola rolava o fanatismo investia os torcedores, a incompreensão tomava vulto e a coisa mudava de figura dando lugar a animosidade e,  dai para a porrada “estancar”, dentro ou fora de campo, era questão de um átimo de segundo, em consequência ia gente parar na Delegacia e até no Hospital dos arredores. 

A INESQUECÍVEL EXCURSSÃO DO VILA DE CAVA F.C
   De certa feita, o Vila de Cava F.C., que nos meados dos anos cinqüenta tinha um timaço de futebol, foi jogar em Raiz da Serra. Nesse dia, porém, não houve atritos à lamentar, o embate era, mesmo, focado na bola.
Resultado de imagem para Caricaturas de Mané Garrincha  O Vila estava completo: No arco Toninho (pai do vereador Marcos Fernandes). Na zaga destaque absoluto para o saudoso center-hauffer Padilha; Cici era o meia atacante; Neném exímio ponta direita; Heraldo; Carvalhal; Nilton Meleca; e, o 'maior' deles todos - o finado Moisés sem Braço, assunto, até hoje, dos comentaristas esportivos de última hora de Vila de Cava.
  Segundo nosso informante Cici, o primeiro tempo fora emocionante. O fantástico Moisés, que não tinha um dos braços e era bicheiro(escrevia jogo de bicho), já houvera balançado a rede adversária três vezes. O “diabo” é que a equipe do Raiz da Serra, que também era muito boa, empurrara 4 na rede do Toninho! Mas, não havia de ser nada, os jogadores do esquadrão de Vila de Cava estavam certos da vitória. Todos, indistintamente, tinham em mente que mudar o placar adverso seria apenas uma questão de tempo.
  Estava no intervalo e, nesse ínterim, enquanto não começava o segundo tempo, um zum-zum-zum entre os torcedores local, aguçava a curiosidade do 'povo' visitante. Na iminência do adversário, que jogava melhor que os locais, virar o resultado do placar, a torcida da casa pedia em coro a entrada de um tal de Manoel!
   “Deve ser o 'Manoel da Padaria', local. Todo lugar tem um Manoel da Padaria ou, até, um Joaquim da Padaria”, deixou escapar, com acentuado desdém, um torcedor do 'Vila' que morava na principal rua do Bairro Vila de Cava - Rua Helena.
   Segundo tempo, 'prometia'
  Quando o Raiz da Serra voltou do vestiário para o segundo tempo, o tal do Manoel veio junto arrancando efusivos aplausos de sua galera e palavras sarcásticas da torcida do Vila. Não era pra menos, ao observar melhor o tal Manoel, logo logo, os atletas e a torcida do Vila perderam o medo e se convenceram que a vitória era apenas uma questão de tempo, pois, tratava-se de uma figura bastante “bizarra”. Ao arriscarem uma breve comparação entre seu craque 'Moisés Bicheiro', também conhecido como 'Moisés Sem Braço', que já fizera 3 gols na partida e, o empenado que acabara de entrar, lhes pareciam óbvio que o Vila tinha tudo para ganhar o jogo. O craque do Vila não tinha um dos braços, mas, pelo menos, estava no prumo. Já o Manoel era todo torto mais parecia um arco. Sua perna esquerda era arqueada pra dentro, a direita para fora, sua coluna mais parecia um arco dos índios da tribo Tupinambá, que nos primórdios povoavam a pacata Vila de Cava. Não lhes pareciam que o torto pudesse, sequer, jogar futebol!
   Na verdade o pessoal do 'Vila', só pode entender a euforia da torcida da 'casa' depois que teve início a segunda etapa da partida. O jogador torto parecia um furacão! Jamais os excursionistas do Vila poderiam, sequer supor, ver coisa igual! Para começar ninguém conseguia tirar a bola de seus pés, e, os gols foram se sucedendo, um após outro. O 'cara' era o “cão chupando manga”: dribles desmoralizantes, rapidez nas jogadas, arremates certeiros, passes precisos... Era só o juiz dar nova saída para o Manoel fazer outro gol. No final o jogo acabou 11X4, com nada menos de sete gols marcados pelo 'torto'.
   Nota da redação: Algum tempo depois, no ano de 1958, o Manoel, que 'massacrou' o Vila de Cava, naquele domingo ‘sombrio’, se tornou um dos 'Deuses' do futebol mundial,  ficando conhecido como 'Mané Garrincha - O Gênio das Pernas Tortas'.
*   Vila de Cava:   Bairro do Município de Nova Iguaçu -RJ.
** Miguel Couto: Bairro do Município de Nova Iguaçu, vizinho à Vila de Cava.

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