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terça-feira, 13 de julho de 2010

Ney Alberto

Wandemberg

Ney Alberto é um nome muito conhecido por aqueles que frequentam as rodas culturais de Nova Iguaçu e da Baixada Fluminense. Para muitos um verdadeiro Patrimônio Iguaçuano. Por isso mesmo, temos muito orgulho em tê-lo como colunista aqui na Folha. Nasceu no Hospital Iguassú em 1940. Além de historiador, professor, arqueólogo, advogado e escritor, é compositor tendo músicas gravadas por Bezerra da Silva e Agepê.

O mais interessante no Ney é que além de ter esse montão de atributos e ser considerado o maior historiador da Baixada Fluminense é, sobretudo, uma pessoa bastante peculiar. Pra começar é um dos poucos brasileiros que não usa aparelho da telefonia celular. Momentos antes de iniciar a entrevista para extrair essa matéria, a título de amigável provocação, solicitei o número de seu telefone celular e ele me veio com essa:

-No dia em que me virem usando telefone celular, pode internar que estou maluco. Não gosto de dirigir! Não tenho carro! Não gosto de microondas! Cerveja? Só bebo sem ser gelada! Durmo pouco! Só vejo filme no cinema, nunca na televisão!” disparou o historiador.

-Com efeito, desde quando entrei pela primeira vez em sua sala no Espaço Cultural Silvio Monteiro (Casa de Cultura) no centro de Nova Iguaçu, para pedir autorização para publicar seus levantamentos históricos no jornal Folha de Miguel Couto, que há um ano atrás passou a se chamar Folha do Iguassú, estranhei ao vê-lo escrevendo um texto numa máquina de escrever Olivetti “do tempo do Onça”. Quem poderia imaginar que o homem que mais escreveu sobre a verdadeira história da Baixada Fluminense se abstivesse da avançada tecnologia dos dias atuais?

Prático, bastou-me fazer uma única pergunta para que ele respondesse, inclusive, àquelas que não fiz, porém tinha intenção de fazer:

Quando foi que se interessou pela pesquisa histórica da região?

Respondeu-me o seguinte:

-Existia um movimento cultural em Nova Iguaçu - Arcádia Iguaçuana de Letras -, e, lá havia um senhor chamado Altair Pimenta de Moraes, que queria fazer uma coletânea das mais belas poesias de amor do Brasil. Ali descobri uma poesia que falava do Porto da Estrela. Foi quando resolvi visitar suas ruínas, estávamos em setembro de 1954. Encantou-me o fato de saber que o porto, no passado fora terminal de um dos famosos Caminhos do Ouro – Variante do Proença. A partir dali passei a me interessar por história e arqueologia, me tornando também um freqüentador assíduo da Biblioteca Histórica Nacional.

Após esse encontro com a história, meu círculo de amizades, agora, era enriquecido com pessoas que, como eu, se interessava pela matéria, como: Francisco Manoel Brandão, Rui Afrânio Peixoto, Delclécio Machado, Waldick Pereira, Zanon de Paula Barros.

Aos 16 anos de idade fui trabalhar como tipógrafo no jornal Correio da Lavoura, onde passei a ler exemplares encadernados desde sua fundação em 1917, passando a conhecer a história da região. Foi quando ingressei no movimento estudantil, acabando presidente em 1961, da União Iguaçuana de Estudantes. Em 1962 fundamos o Instituto Histórico e Geográfico de Nova Iguaçu. As pesquisas se aceleraram e passamos a reunir fotografias antigas.

Permanentemente acampávamos em lugares histórico tanto nas baixadas quanto nas serras. Chegamos a alguns sítios arqueológicos e locais onde existiam quilombos. Em 1967, eu e Waldick Pereira, fizemos um curso de arqueologia no Museu Histórico Nacional e logo depois encontramos nos escombros da igreja de Marapicú a múmia de uma criança recém nascida, esse acontecimento gerou um grande furor no âmbito da imprensa.

Em janeiro de 1964, iniciei um curso de história na Universidade Gama Filho. Depois do AI-5 em 1868 paramos de fazer excurções as serras estavam cheia de militares.

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