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sábado, 4 de agosto de 2012

FIRJAN: tarifa de energia precisa cair mais de 30% para ser competitiva

Com reduções de apenas 10 a 20% do custo da energia elétrica, o país continuará na lanterna do ranking mundial  

Rio, 2 de agosto de 2012

O presidente do Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, apresentou na manhã desta quinta-feira, 2 de agosto, estudo que detalha o impacto das diversas possibilidades para redução do custo de energia elétrica para a indústria brasileira.

A FIRJAN criou um simulador capaz de avaliar a percentagem de redução obtida na tarifa final por meio da combinação da diminuição dos encargos específicos do setor (CCC; RGR; CDE e PROINFA) com a redução dos custos de Geração, Transmissão e Distribuição (GTD).

O estudo revela, por exemplo, que a eliminação dos encargos setoriais resultaria em redução entre 10 e 20% da tarifa, insuficiente para melhorar a competitividade brasileira no mercado internacional, já que o país permaneceria na lanterna do ranking com custo bastante superior à média mundial e à tarifa final de seus principais concorrentes. O simulador demonstra que reduções em torno de 10% representam ganho de apenas duas posições no ranking internacional e, de apenas três posições, no caso de queda de 15% a 20% da tarifa final.

“Assim como o governo foi ousado para baixar os juros, também precisamos de ousadia para reduzir a tarifa de energia elétrica”, afirma o presidente da FIRJAN, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira. “Se o Brasil quiser realmente atacar um dos principais componentes do Custo Brasil, precisa agir de forma eficiente para ter uma redução significativa do custo”, reforça. Gouvêa Vieira acrescenta que um caminho para isso é abrir a “caixa preta” dos custos de geração de energia. “A sociedade brasileira tem o direito de conhecer a estrutura de custo da tarifa que paga todos os meses.”

Pelo menos trinta simulações foram calculadas pela FIRJAN. O cenário que torna o Brasil competitivo em relação a 27 países concorrentes exigiria uma combinação de esforços: extinção completa dos encargos do setor (CCC; RGR; CDE e PROINFA) acompanhada da diminuição de 40% no custo da energia das concessões que forem renovadas, além de eliminação dos tributos PIS/COFINS e queda de 5% do ICMS – o que depende da adesão dos governos estaduais a esse esforço de competitividade. O resultado seria uma redução de 35% no custo de energia, aí sim suficiente para alcançar a média mundial e colocar o Brasil em patamar de competitividade.

Brasil ocupa a 24º posição
no ranking mundial

Conforme divulgou de forma inédita o estudo Quanto Custa a Energia Elétrica para a Indústria no Brasil?, lançado no ano passado também pela FIRJAN, a tarifa de energia no país alcança os maiores patamares mundiais: R$ 329 por megawatt-hora (MWh), com variação de até 63% entre os estados. A tarifa brasileira é 53% superior à média de 27 países concorrentes, 131% maior à média dos quatro maiores parceiros comerciais do Brasil (Alemanha, China, EUA, Argentina) e 134% acima da média dos demais países dos BRICs (Rússia, Índia e China).

No ranking mundial, o Brasil ocupa a 24° posição, na frente apenas de República Tcheca, Turquia e Itália, e atrás de nações como Chile, Portugal, Japão, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Colômbia, Uruguai, França, China, Estados Unidos, Canadá, Rússia, Argentina e Paraguai.
O estudo desmembrou ainda os componentes que integram a tarifa brasileira de energia elétrica, revelando que os Custos de Geração, Transmissão e Distribuição (GTD) correspondem a 50,3% do valor final, enquanto os encargos específicos do setor (CCC; RGR; CDE e PROINFA) e os tributos federais e estaduais (PIS/CONFINS e ICMS) representam 48,6% da tarifa.
Isso significa dizer que a tarifa brasileira já é cara na partida: só o custo de GTD do Brasil já supera o custo de diversos países competidores, como China, Estados Unidos, Canadá, Rússia e Argentina.
“O Brasil possui hoje uma oportunidade única para diminuir de forma significativa os custos de GTD no país com a perspectiva da renovação das concessões com vencimentos até 2015”, lembra o gerente de Competitividade Industrial e Investimentos da FIRFAN, Cristiano Prado. Impactos significativos sobre a competitividade dependerão, portanto, da conjugação de esforços para diminuir os diversos componentes do custo da energia, fazendo com que a tarifa final caia de fato para níveis competitivos internacionalmente. “Caso contrário, não vamos ver resultado”, conclui Cristiano Prado.
A nota técnica “A perspectiva de renovação das concessões, a redução de encargos e tributos e o impacto sobre o custo da energia elétrica para a indústria no Brasil” está disponível para download em http://migre.me/a8tVW 

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