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sexta-feira, 18 de maio de 2012

O Pastor e o Padre


Por: wandemberg
Foto: 
a)Estrada Zumbi dos Palmares e ônibus que faz a linha - Tinguá Pavuna - tendo ao fundo as ruínas do Casarão da Fazenda São Bernardino em Iguaçu Velha
Fonte de consulta: Antonio Lacerda de Meneses
De certa feita no ano de 1837, chegou a Vila de Iguassú, berço de  Nova Iguaçu e da Baixada Fluminense,   Daniel Parish Kidder , um jovem que aos 22 anos de idade,  já, saíra “mundo a fora” para a pregação do evangelho, em nome da Sociedade Bíblica Americana. Kidder chegou à Vila pela mais funcional das estradas, há época – o Rio Iguassú - que dava nome à localidade, naquele longínquo século XIX, tanto quanto a este jornal 175 anos depois. 
Uma das principais atividades do Pastor, além da pregação do evangelho era a distribuição gratuita de Bíblias, que trouxera em grande escala de seu país, a todos que se dignasse aceitá-las. O mais inusitado fora que o pastor Kidder encontrou parceria, justamente, em um padre da Igreja católica - que sem o menor constrangimento o ajudava na tarefa de distribuir e, até, pregar o evangelho - o Padre Joaquim Conrad de Oliveira. 
Três anos após sua chegada, com o falecimento de sua esposa, o Pastor Kidder, infelizmente, se viu obrigado a voltar para os Estados Unidos.
De volta para seu país resolveu escrever um livro - Reminiscência de Viagens e Permanência no Brasil - publicado no ano de 1845 que entre inúmeras outras considerações, dizia o seguinte: “Iguassú é atualmente a localidade mais próspera do Recôncavo. Está situada a cerca de dez milhas da foz do rio de igual nome, que a serve. Este rio vai até a Serra dos Órgãos, e apesar de muito sinuoso é navegável por lanchas grandes até a Vila. Há vinte anos passados esse lugar era insignificante e não contava mais que trinta casas. Aos poucos, porém, os fazendeiros do interior, foram se convencendo que para eles era mais interessante descarregar em Iguassú o café, o feijão, a farinha de mandioca, o toucinho e o algodão; daí era mais econômico mandar as mercadorias para o mercado por via marítima que por terra. Por outro lado, os negociantes estabeleceram aí depósitos de sal, produtos manufaturados, fazenda e vinhos, para mais facilmente servir aos lavradores. Assim é que se foi desenvolvendo rapidamente e agora é considerado como a Vila mais próspera da Província do Rio de Janeiro, com uma população de cerca de mil e duzentos habitantes”.

Segundo o historiador iguaçuano, que consultamos ao escrever esse artigo – Antonio Lacerda de Meneses -  o Padre Joaquim, provavelmente, fora simpatizante de um movimento existente há época  chamado de Jansenismo:
 “Corrente teológica que refletia o problema da Graça , buscando nas obras de Santo Agostinho elementos que permitissem  conciliar as teses da Reforma Protestante com a Doutrina Católica” - disse Lacerda . “Suas características são: a supervalorização da Graça Divina em prejuízo da livre ação do homem. O rigorismo moral e disciplinar, e os muitos escrúpulos”, resumiu. “ O pensamento jansenista chegou ao Brasil no século XVIII, através da Universidade de Coimbra e de seus livros importados da Europa” - concluiu Lacerda.

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