De: Wandemberg
Não obstante tê-lo conhecido (de vista) na adolescência,
somente nos seus últimos três anos de vida tive a honra de conhecer, pessoalmente, o grande
historiador iguaçuano Ney Alberto. Em
2009 fui, meio que receoso, à Casa de Cultura, me arvorando de seu discípulo, me
apresentar e apresentar a ele os primeiros números desse jornal - Folha do Iguassú - no qual havia um espaço, na página 5, onde
eu mesmo escrevia sobre a história da
Baixada - compilada que era, de um site, adicionado por terceiros, que apresentava histórias arrancadas
dos alfarrábios, por Ney. Saí de lá radiante! Para minha surpresa me
falou que lia a Folha do Iguassú e que gostava muito do jornal, vaticinando com a franqueza que lhe era peculiar, que, se mantivéssemos
a linha e o estilo, teria um belo futuro
pela frente!... ‘Carácole’, nem preciso descrever a emoção...
Na conversa descobri que Ney, tanto quanto eu era
Para-quedista do Exército. Pronto, de repente nos descobrimos na mesma confraria,
a dos ‘Audazes’. Conversa vai conversa vem e, mais surpreso e radiante fiquei,
ainda, quando aceitou o convite que fiz para que ele (sem quaisquer ônus)
escrevesse uma coluna na Folha do Iguassú. Não perdi tempo! Em cada exemplar a
foto do Ney estava lá na capa estampada e acompanhada, não raro, da manchete - "O HISTORIADOR NEY ALBERTO!".
O Ney poderia escrever em qualquer jornal de grande porte, sem sombra dúvida, mas o que o teria levado a quase que escolher o nosso, justamente, o mais desprovido de recursos dentre todos e, ainda, se tornar um nosso relutante defensor? Na verdade o maior relações públicas que um jornal da Baixada pudesse sonhar em ter!
Eu diria que Ney Alberto se identificou muito com nossa
forma, simples e prática de fazer jornal - antes artesanal que acadêmica. Outra
coisa! Além de jornalistas, tanto eu quanto Ney éramos gráficos de ofício. Ney teve como um de seus
primeiros trabalhos uma bancada de composição tipográfica no nosso admirável - Correio da Lavoura - um dos jornais mais antigos do Brasil que até hoje presta
inestimável serviço ao município. Já, eu tive uma pequena gráfica que, hoje, pertence à minha filha e meu genro.
Já falei que Ney Alberto é um Avatar, e, dos mais generosos! Não pelo fato que passarei a narrar, mas por muitas outras atitudes e empreitadas.
Nunca mais esquecerei o dia, pouco após nosso herói ter desencarnado, em que, sob os auspícios de sua esposa Dona Ana e amigos, foi lançado, no saguão principal do Fórum de Nova Iguaçu, tendo como anfitrião o Juiz de Direito Dr. João Damasceno, seu livro – “Deus me livre da política de Iguassú” e outros artigos. Fui convidado e compareci. Qual não foi minha surpresa quando, ao abrir o livro que meu amigo tinha escrito - em vida - encontrei uma página inteira dedicada ao nosso jornal e, à nossa humilde pessoa. Quase ‘pirei’, parceiro!
Há dois anos atrás Ney me falou que houvera escrito um livro e que tão logo saísse um dinheiro que estava para receber iria publicá-lo e gostaria de ter-me como coautor. O nome do livro - “Deus me livre da Política de Iguassú” e outros artigos. Era exatamente o livro que Dona Ana (para o bem da História da Baixada), juntamente com os amigos lançou lá no Fórum, após a ‘viagem’ do autor para o Astral Superior (‘terra’ dos Avatares). Agradeci, mas não aceitei! Falei que não era ético tomar carona no talento dos outros e que me sentiria muito mal se isso acontecesse, fazendo questão de deixar bem claro que se forçasse à barra acabaria, ali, a amizade. Ainda tentou me dissuadi argumentando que após passar a escrever coluna no jornal se sentia renascido! Que as pessoas voltaram a comentar sobre as histórias que escrevia e que estava se sentindo muito feliz! Que houvera escrito o livro para que não faltasse matéria para a coluna!
Fui intransigente, mantive o não! Dias depois me passou às mãos com dedicatória a brochura do livro do jeito que exigi, sem ter meu nome como coautor.
Eu ainda não sei ao certo onde encontrar o livro. Sei que tem muita gente querendo comprar. Vou me certificar e em breve informar nesse blog e no jornal (papel).
Saudades do Avatar!
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