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quarta-feira, 16 de junho de 2010

CORRIDA ELEITORAL PARA PRESIDENTE COMEÇOU NA BAIXADA


Marina diz que PT e PSDB mantém discurso do século passado
Pela primeira vez a largada para a corrida eleitoral rumo ao planalto central aconteceu na Baixada Fluminense. Pelo menos para a senadora Marina Silva, única presidenciável a escolher uma região pobre para fazer sua pré-convenção. Os outros dois candidatos, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), optaram pela metrópole que comanda o Brasil, ou seja, a rica cidade de São Paulo.
A pré-convenção do PV aconteceu no dia 16 de maio na casa de shows RioSampa. Além de Marina estiveram presentes os candidatos do partido aos governos do Rio, Fernando Gabeira, de São Paulo, Fábio Feldmann e de Pernambuco, Sérgio Xavier.
O toque político-artístico do evento ficou por conta da cantora Adriana Calcanhoto, que incluiu Marina na música “Cariocas”, exatamente como fez o ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil com a música “Andar com Fé” para manifestar seu apoio. O jingle da campanha, na voz de Milton Nascimento, que tocou durante toda a convenção, foi apresentado ao público, em ritmo de samba, pelo cantor Paulinho da Mocidade.
Primeira candidata a apresentar o vice de sua chapa, o empresário Guilherme Leal, dono da Natura Cosméticos, Marina ao lançar sua candidatura em Nova Iguaçu abandonou o discurso moderado para criticar os adversários, Dilma e Serra. “As duas candidaturas são muito parecidas e estão discutindo o desenvolvimento pelo desenvolvimento, velho paradigma do século XX, quando o mundo inteiro está mudando”, criticou a senadora, lembrando que o planeta está sintonizado com a economia sustentável.
Em seu longo discurso, a candidata, a exemplo de Lula, usou e abusou de termos ligados ao futebol. Marina reclamou da manobra política dos adversários em tentar transformar a disputa eleitoral numa espécie de plebiscito. “A realidade brasileira é mais complexa que um simples Fla x Flu”. E para exemplificarar o atraso brasileiro enquanto o mundo busca soluções para os velhos problemas de destruição do meio ambiente, disse: “Continuamos olhando para onde a bola está e não para onde ela estará”.
Contudo, ainda mostrando estar afinada com o discurso de esquerda, chamou de latifúndio o horário eleitoral na televisão que oferece mais tempo para os grandes partidos. Mais adiante, reciclando o discurso, Marina reconheceu também os avanços proporcionados pelos governos de FHC e Lula, desde o Plano Real até o bolsa família, considerado por ela uma transferência direta de renda desde que atrelada a educação.
FATO HISTÓRICO PARA PERIFERIAS DAS GRANDES CIDADES
A Baixada volta a ampliar seu prestígio no cenário nacional e sai na frente das periferias brasileiras. O lançamento da candidatura de Marina estabelece novo marco histórico. Afinal a Baixada sempre esteve a beira da estrada testemunhando o transporte de nossas riquezas, seja do ouro para Portugal, no século 18 (Estrada Real), ou ainda hoje, através das rodovias Washington Luís e Presidente Dutra. Exatamente como acontece com todas as periferias brasileiras através dos séculos.
Mas o reconhecimento do potencial eleitoral da Baixada vem de longe. Na década de 80, Leonel Brizola foi o primeiro político a reconhecer, publicamente, o valor político-estratégico das periferias. Na época ele afirmou que caberia a Baixada a decisão de quem iria governar o Estado do Rio. Assim concentrou sua campanha na região que correspondeu dando-lhe esmagadora votação. Eleito e acompanhado por Darcy Ribeiro, realizou um seminário no Colégio das Irmãs, no centro de Nova Iguaçu, para apresentar seu plano de governo.
Em entrevista a Folha do Iguassu, Fernando Gabeira, candidato do PV a governador do Rio de Janeiro, explicou que a escolha da Baixada foi para estabelecer vínculos com as periferias das grandes cidades. Segundo ele, Marina tem uma poderosa mensagem para a população de periferia: sua vida e seu exemplo de superação. “Isso é suficiente para estabelecer um forte vínculo de coração com a mulher pobre e cristã da Baixada e com o trabalhador que perde parte de sua vida em mais de 4 horas diárias no deslocamento de casa para o trabalho”, explicou.
Segundo Gabeira, a Baixada é um exemplo da política do atraso praticada no Brasil. “Tenho vergonha da nossa geração que ainda não resolveu a questão do saneamento básico, um problema do século passado”.





Jornalista Jeania Maria

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