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sexta-feira, 18 de junho de 2010

O Trato com o Diabo



Na Câmara de Vereadores de Nova Iguaçu os sons condescendentes de algumas vozes que tempos atrás ecoavam da tribuna em favor de Lindberg Farias, hoje, após sua renúncia, se voltam contra o ex-prefeito.
Acometidos de uma estranha amnésia parece terem esquecido que a herança do caos que reina hoje foi produzida ontem, com a anuência de seus próprios votos: Nas Medidas de Urgência enviada pelo Executivo, que aprovavam muitas vezes sem ler, não sabendo, assim, sequer o que estavam aprovando; na aprovação de pedidos de empréstimos injustificáveis a bancos; ou na venda de favores quando a moeda corrente era, entre outras, cargo para cabos eleitorais, muito dos quais mal compareciam para assinar o ponto, mas freqüentando, com assiduidade, a Folha de Pagamento.
Quantas vezes o então vereador Celso Valentim, concitou seus pares à responsabilidade, advertindo-os das conseqüências futuras. Pois bem! O futuro chegou e com ele o caos traduzido na herança maldita recebida pela prefeita Sheila Gama, que está pagando o preço de ter, para chegar à prefeitura, feito um verdadeiro “Trato com o Diabo”!
O fato é que na gestão anterior onde foram projetados os arcabouços dos difíceis dias atuais, os únicos gritos de alerta ouvidos durante as seções da Câmara de Vereadores, contra as inconsequências do prefeito, eram dos então vereadores Celso Valentim e de Marcos Ribeiro. Em contrapartida a “blindagem” construída pela “maioria” em torno do prefeito era instransponível. Foi, sem dúvidas, diante dessa triste montagem que se emoldurou o quadro verificado no presente momento.
Mesmo assim Celso, a despeito do bloqueio de “aço” montado, não se rendia, e, coadjuvado por Marcos Ribeiro, manteve o bombardeio ininterrupto até o último minuto de sua gestão. Chegou, até, em determinado momento, aproveitando-se de uma brecha concedida por momentâneo desencontro entre os do bloco do governo, a conseguir assinaturas para estabelecer uma CPI. Todavia, quando todos pensavam que a CPI iria sair, o presidente da Câmara - Carlos Ferreira - tomou uma das mais tristes posições que um cidadão que pretendesse se olhar dia seguinte ao espelho com a altivez de um homem de bem, pudesse tomar. Sob o pretexto ridículo de não compreender qual regulamento deveria usar (Se: Regulamento Interno da Casa – Constituição Federal – Lei Orgânica do Município) Carlos Ferreira (*advogado), postergou a CPI, que nunca mais teve efeito. Uma vergonha! Teve gente que viu na atitude inesperada do Vereador, não apenas uma triste omissão, mas também um ato no qual o presidente da Câmara tivesse rasgado seu próprio diploma de advogado, provavelmente conquistado com muito sacrifício, em nome de uma subverniencia lamentável.

Uma Nova Câmara
Para 2008 o nome de Celso Valentim não figurou dentre aqueles que pretendiam uma cadeira na câmara iguaçuana. Demonstrando estar com a consciência absolutamente tranqüila, porém decepcionado com aquela que considerou a pior Câmara da qual já houvera participado, preferiu abandonar a carreira política! Agora Celso passou a ser, para azar do povo, apenas um bom exemplo a ser seguido. E, segundo opiniões dos corredores políticos: “Um dos melhores da história do Legislativo Iguaçuano!”.
A nova bancada ainda cometia os mesmos erros, porém com mais conhecimento de causa sobre o descaso do Executivo para com a casa, deu um corte substancial na arrogância de Lindberg ao reduzir o percentual de manejo de verbas do orçamento, livrando-se de parte da ascendência imposta. Não obstante, mesmo assim, a negociação de cargos encabrestou vereadores.
Como novidade dentre os que detinham pela primeira vez uma cadeira no Legislativo iguaçuano um jovem se destaca ao desfraldar a bandeira da oposição. A nova e grata surpresa se chama Thiago Portela, que veio para fustigar os últimos dois anos do prefeito irresponsável.
Seria Thiago Portela, um novo Celso Valentim? Ainda não sabemos! Só o tempo dirá! Celso, a despeito de estar afastado da política, é uma realidade, já o jovem vereador está apenas começando sua carreira. Em princípio, podemos dizer que, em comum com Celso a obstinação com que fiscaliza o Poder Executivo. O que para muitos é a forma mais honrada de um Legislador justificar os votos recebidos do povo.

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