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terça-feira, 29 de julho de 2014

Atleta de Nova Iguaçu vai de olhos bem abertos atrás do ouro na China


Texto: Geraldo Perelo Fotos: Alziro Xavier
Atleta de Nova Iguaçu vai de olhos bem abertos atrás do ouro na China
Celeiro de atletas olímpicos, como o judoca Sebastian Pereira, o levantador de peso Bruno Laporte e a jogadora da seleção brasileira de handebol Lucila Vianna, entre outrosa cidade de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, terá este ano mais uma representante em competição mundial.

         Moradora no bairro do Ambaí, a jovem levantadora de peso Emily Rosa, de apenas 16 anos, já está de malas prontas para seguir viagem, neste sábado (2), até Nanquim, na China. Ela disputará entre 16 e 21 de agosto, a segunda edição dos Jogos Olímpicos da Juventude, de olhos bem abertos na medalha de ouro para a categoria sub-17. Levanta também a esperança de conquistar uma vaga nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.

         “Somos uma cidade com tradição olímpica”, lembra o prefeito Nelson Bornier. Grande incentivador da atleta, ele anunciou “total apoio” para que Emily possa brilhar numa das maiores competições multiesportiva e cultural, que acontecerá do outro lado do mundo.

         “Vemos a luta incansável dos pais de Emily para manter o sonho olímpico desta grande jovem iguaçuana, orgulho de nossa cidade. Além do mais, entendemos que o esporte é uma oportunidade ímpar para oportunizar o crescimento das nossas crianças e adolescentes. Por isso mesmo, não poderíamos deixar de dar também a nossa contribuição. Emily ainda vai nos proporcionar muitas alegrias; é só esperar”, profetiza Bornier, que recebe hoje (30), pela manhã, a levantadora de peso em seu gabinete.

         Atleta do projeto Marinha/Odebrecht, desenvolvido pelo Centro de Educação Física Almirante Adalberto Pereira Nunes (Cefan), Emily, de apenas 1,48m e 46kg, conquistou o direito de ser a única brasileira classificada para Nanquin, na sua categoria e modalidade, ao arrebatar, em maio, em Lima, no Peru, os títulos de campeã Sul-Americana e vice-campeã Pan-Americana Juvenil (sub-17). Ela competiu no arranco e também arremesso, quando ergueu 82kg e 78kg, respectivamente.

         “Emily é muito disciplinada para qualquer coisa que faça. Gosta muito de treinar, tem uma força física muito boa para seu peso corporal e qualidades ideais para brilhar na sua modalidade”, elogia o tenente Carlos Aveiro, seu orientador no Cefan, onde a atleta treina sete horas diárias, há três anos.

           VIDA DE SUPERAÇÃO – O esporte, sobretudo o levantamento de peso, corre como sangue nas veias da família Rosa Figueiredo. Sua irmã, Natasha Rosa, é campeã brasileira e medalha de bronze no Sul e Pan-Americano, no México. A prima, Tainara Figueiredo, também conquistou o vice-campeonato sul-americano, este ano, no Peru.

         Aluna do 2º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Area Leão, no bairro da Posse, Emily Rosa é um exemplo de vida e de superação. Filha de um técnico de fibra ótica e de uma costureira, ela pratica esporte desde os seis anos de idade, quando começou na ginástica olímpica, no Sesc de Nova Iguaçu.

         “Tenho muito orgulho da minha filha. Ela, com certeza, vai alcançar o sonho de ser um dia reconhecida no mundo como uma grande atleta olímpica. Pra ela, não há tempo ruim, acorda cedo, se dedica de corpo e alma por esta causa e vai à luta”, testemunha Lucilene Rosa da Silva, 39 anos.

         Atualmente, Emily está entre as cinco melhores levantadoras de peso do mundo, na modalidade sub-17, categoria até 48kg. É ainda recordista brasileira e, mesmo com apenas de 16 anos, se destaca ainda entre as dez melhores do Brasil, também no naipe adulto. É da mesma forma a segunda melhor do País na categoria juvenil, até 20 anos.

         “É uma atleta em estágio de ascensão permanente”, atesta o tenente Aveiro.

         Mas, para chegar ao estágio atual, a levantadora iguaçuana teve que superar obstáculos bem mais pesados, como a falta de patrocínio por um bom período de sua carreira.


         O SONHO É CHEGAR A OLIMPÍDA DE 2016 - “Comecei no esporte, ainda pequeninha, praticando ginástica olímpica no Sesc de Nova Iguaçu. Depois, passei pelo Flamengo e Vasco da Gama. Sem incentivos, abandonei a ginástica e parti para os saltos ornamentais pela Associação Peneira Olímpica de Esportes (APOE), onde fiquei durante um ano”, conta a atleta, que sai de casa, diariamente, às 5h20, para treinar no Cefan, e só retorna por volta de 23h, depois das aulas no Area Leão.

            “A Emily tem coordenação muito afinada, devido ao trabalho que ela fez na ginástica olímpica durante seis anos de sua vida, ou seja, até os 12 anos. Isso trouxe uma carga de coordenação muito boa pra ela, que absorveu a questão técnica do levantamento de peso muito facilmente, exatamente por conta da ginástica e experiência nos saltos ornamentais”, diagnostica o tenente Aveiro, um dos mais entusiasmado com a performance da atleta.

          Emily faz parte de um grupo de 18 atletas do projeto Marinha/Odebrecht que está sendo preparado para representar futuramente a Marinha nos esportes olímpicos.

         “O esporte é a minha vida e a grande oportunidade de ir à China é a também a conquista de um sonho que acalento desde que iniciei a minha carreira, no levantamento de peso. Eu sabia que tinha potencial para disputar um torneio internacional desta natureza, razão pela qual passei a me dedicar de corpo e alma para provar a mim mesma que sou capaz. E, se Deus quiser, também estarei nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro”, promete a atleta.

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