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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

O vagabundo da fábrica de automóvel

Da série: 'De Certa Feita...'
Por: Wandemberg
  O vagabundo da fábrica de automóvel
 De certa feita, no início do século XX, tudo ia muito bem com aquela próspera fábrica de automóveis que dava seus primeiros passos. Sua produção, em série, começava a ser exportada para o mundo inteiro em larga escala, e, era fator de orgulho para a América. 
  Entusiasmados, principalmente, pela boa remuneração, todos os funcionários se esforçavam ao máximo, para que a produção daquela Indústria importante se mantivesse em franco desenvolvimento. Trabalhavam com tanto gosto que, cada qual, independente de posto ou função que exercia, parecia, até, ser o próprio dono da fábrica. 
     Eu disse todos? Perdão, nem todos! Existia um funcionário, um único funcionário, que na realidade, nunca houvera demonstrado o empenho dos demais. Muito pelo contrário: Chegava constantemente atrasado em seu luzidio automóvel que ganhara de presente do Sr. Henry, dono da ‘fábrica’; faltava ao serviço; era visto constantemente dormindo debruçado sobre sua mesa, onde não se via o menor resquício de expediente, nem sequer uma solitária folha de papel. 
    Na verdade o homem não fazia, absolutamente, nada. Tal inércia, com o tempo, começou a despertar nos demais um forte sentimento de reprovação que, com o passar dos dias, se transformou em completa rejeição, antipatia, revolta e inveja. Para incitar ainda mais o descontentamento de parte dos laboriosos trabalhadores daquela laboriosa indústria, alguém da cúpula deixou vazar, talvez, propositalmente e por arroubo de ciúme, a informação de que o tal sujeito tinha o melhor salário dentre todos os funcionários, ganhando uma verdadeira fortuna. Nem o salário do gerente ‘chegava perto’ do que ganhava aquele peculiar funcionário, que pouco falava e menos, ainda, trabalhava. 
   Daí pra frente, gerada pelo descontentamento de quase todos os demais trabalhadores, a firma começou a ver uma paulatina queda em sua produção que, até então, apresentava picos altíssimos em seus gráficos. Não demorou muito tempo e o dono da fábrica recebeu a visita de um dos chefes de produção que, não obstante ter ótimo salário, viera pleitear equiparação salarial ao do tal homem, sob pena de se demitir. 
    Ao receber a pressão do descontente, o dono da fábrica não perdeu a pose: 
  -O Sr. Tem certeza que quer demitir-se? Já pensou na responsabilidade com a família? Sabe que existe um grande número de profissionais tão exímios ou melhores que o senhor, desempregados e doidos para tomar seu lugar? Onde o senhor iria ganhar o salário que lhe pago aqui? - Arguiu o Senhor Henry.
    -Mas senhor é duro ver um colega que ganha uma fortuna passar o dia inteiro sem fazer nada enquanto eu me mato de trabalhar e ganho muito menos que ele – disse. 
   -Ledo engano! O senhor está muito equivocado. Quase todos aqui recebem exatamente o que merecem. Na verdade a única exceção é o nosso amigo que por hora se tornou alvo de suas críticas. Ele, talvez seja o único a ganhar menos do que merece. Ninguém aqui produz mais que ele! Nem eu! Confessou. -E diga-se de passagem, se o Senhor tem um ótimo salário, também pode agradecer aos momentos em que ele divaga por aí, sem, aparentemente, fazer nada !
    -Como assim? Indagou o agora tão incrédulo quanto espantado reclamante.
    -Ele é o pensador, e como tal recebe para pensar, posto que é super inteligente. Pensar é o trabalho mais pesado que existe, e, talvez, seja essa a razão para que tão poucas pessoas se dediquem a essa tarefa. Daí o grande sucesso de nossa fábrica. Basicamente, pagamos a ele para nos trazer idéias e soluções. Isso nos trás lucros! Agora, se o senhor quiser se habilitar a ser um outro pensador, teremos o maior prazer de equipará-lo a ele! E se por acaso o senhor nos apresentar maior produção mental e nos trouxer mais lucros com suas idéias, poderemos pagar mais que a ele. Tudo é uma questão de produção.
   O homem tão envergonhado quanto arrependido, baixou a cabeça e se retirou para seu setor de trabalho. Logo logo os índices de produção voltaram a aquecer na Ford e os funcionários do gênio Henry Ford, voltaram a trabalhar com mais afinco ainda.

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