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sexta-feira, 9 de junho de 2017

Briga de Galo


Briga de Galo
Essa matéria não é de minha lavra. Li, certa vez, em algum lugar e guardei o resumo na memória. Por achá-la interessante publiquei-a, usando minhas palavras, já umas três vezes ao longo dos tempos, atendendo a pedidos de leitores que me prestigiam com seu acesso às minhas escritas, o que agradeço. de coração!
  De certa feita...um 'caixeiro viajante', assíduo frequentador de rinhas e viciado em apostar em brigas de galo, chegou a uma cidadezinha do interior mineiro a qual ainda não tinha visitado, e a primeira coisa que fez foi procurar a rinha do lugar. 
  Chegando ao local as lutas preliminares já haviam acontecido, e, o evento estava prestes a ter fim. Faltava entretanto a última e mais concorrida briga da noite. Em razão dela os apostadores enlouquecidos apostavam, freneticamente, induzidos pelos comentários gerados por aqueles que se incumbiam de enaltecer às qualidades  dos dois contendores de penas.
  De repente, o interlocutor se prestou a anunciar os contendores. Um deles era um galo preto, apelidado de ‘Meia noite’, cabisbaixo, de jeito  tímido e olhar triste. O outro, ao contrário, um galo branco de nome Epitáfio, com ar pomposo e pinta de campeão, que olhava desdenhosa e ameaçadoramente para seu adversário, que não ousava se quer sustentar a troca de olhares.
  Não obstante os indícios favoráveis ao galo branco, o caixeiro viajante estava em dúvida. Seu instinto mandava apostar no galo preto, porém a autoconfiança deixado transparecer pelo branco era algo a ser considerado. Olhava para um  e para outro na vã tentativa de avalia-los , mas a dúvida atroz permanecia. Até que seu olhar deparou com um mineirinho, sentado em um caixote, próximo a arena, pitando calmamente um cigarrinho de palha. ‘Esse mineirinho tem jeito de quem acompanha todas as brigas’, pensou o caixeiro viajante.
  -Bom dia , meu bom mineirinho! O senhor pode me informar qual dos dois galos é o bom!
   -Dia seu moço! O bão é o galo branco, uai!
   Ouvindo isso dirimiu sua dúvida e apostou toda a grana disponível no galo que o velho garantiu ser o bom.
   Momentos depois , após o ritual de apresentação que precede  os encontros entre galos de briga, o juiz mandou soltar às feras na rinha. O branco ostentando a marra que demonstrara desde o momento que o caixeiro o viu pela primeira vez, foi pra dentro do galo preto. Pra quê? Naquele momento, eis que,  o galo preto, como num passe de mágica, sofre uma bruta transformação, como que a inflar, seus olhos tristes ganham expressão de ódio, daquela que só é encontrada em olhos de assassinos psicopatas. Seu esporão que até então eram praticamente invisíveis, em questão de segundos, se transformaram em garras de onça. Para tornar o momento mais tenebroso e fatídico ciscou no piso de cimento arrancando faíscas...Foi aí que o galo branco percebeu a ‘fria’ que tinha se metido, quis voltar, mas já era tarde. Quem ia pra cima, agora, era o preto, lento, com a calma premeditada dos perversos, pronto por beber até a última gota de sangue do outro.
  Uma saraivada de porradas fez com que o branco fosse projetado para o outro lado da rinha, já com um olho vazado pelas garras afiadas do preto. Tentou pular pra fora, mas alguém jogou-o de volta a arena. Sem um pingo de dó, no segundo bote o Meia Noite, 'brincou' no pescoço pelado de Epitáfio, com o esporão que mais parecia um alicate de destrinchar frango assado, deixando o pescoço do Branco tintado de vermelho pelo sangue esvaído, enquanto a torcida ensandecida, daqueles que apostaram no preto, gritava com sadismo incoercível o nome do “Meia Noite”. Dali para o golpe de misericórdia foi fração de segundos. Meia Noite enfiou o esporão direito no peito do branco e o abriu de ponta a ponta, fazendo com que as vísceras, do inadvertido galo marrento, saíssem para fora. Era o fim do galo Branco. Mesmo assim num ataque de ira o preto continuou a carnificina, até que o juiz da contenda co-adjuvado por meia dúzia de pessoas, o abafou com um saco de  linhagem, dando por encerrado a “briga de galo’.
  Minutos depois o galo vencedor voltou a ostentar aquela 'cara' de babaca, que lhe era peculiar antes e após suas  lutas fatídicas (para seu adversário, claro).
  Decepcionado, por ter perdido a aposta, e se sentindo iludido pelo mineirinho, o caixeiro viajante , foi ter com este para reclamar pela informação errada.
  -Você não disse que o bom era branco?
  -Uai disse! O bão era o branco, e era! Se unsê tivesssi me perguntado qual era o rim, eu tinha dito que era o pretu. O Pobrema é qui u pretu é rim qui só a pesti! Justificou-se o mineirinho. 


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