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sábado, 17 de dezembro de 2016

Ney Alberto - O Avatar

Busto de Ney Alberto
Por: Wandemberg
Ney Alberto - O Avatar
 De certa feita, lá pelos idos dos anos 60, para que pudéssemos fazer o ginasial (eu e mais cinco irmãos), meu pai alugou uma casa próximo ao centro de Nova Iguaçu, na antiga Rua Treze de Maio (hoje, Luiz Guimarães). Em Miguel Couto, onde morávamos, só havia nas escolas o curso primário, daí meu pai ter chegado à conclusão que ficaria mais prático e barato pagar aluguel do que passagens de ônibus. A ideia era, nos finais de semana, regressarmos para a casa que ficara vazia em Miguel Couto, para ‘matarmos’ a saudade do local onde nascemos, voltando para o Centro de Nova Iguaçu na segunda- feira, enquanto a vida seguia seu curso... 

 Em Nova Iguaçu fui estudar no Colégio Afrânio Peixoto, onde vi pela primeira vez Ney Alberto, que um dia no futuro descobri tratar-se de um 'AVATAR'. Era hora do recreio e, ele, conversava, animadamente, com o diretor professor Ruy Afrânio Peixoto, e com outro homem que tinha os olhos rasgados como um oriental. Mais tarde, fiquei sabendo que o "china", era Waldick Pereira, talvez o maior parceiro de aventuras do Ney. 
 A segunda vez que o vi foi nas proximidades da nova residência na Rua Treze de Maio. Eu, que 'falava', razoavelmente, o 'idioma da bola’, não tive dificuldade para me enturmar com a rapaziada da nova vizinhança, e me efetivar na ‘pelada’ que havia diariamente na rua. Numa dessas, no auge da correria,  um dos componentes deu a ordem de ‘parar a bola’, como era praxe quando vinha alguém passando...  De pronto reconheci o passante. Era a mesma pessoa que participara do papo a três no Colégio. Naquele momento fiquei sabendo que o professor Ney Alberto viera à casa de Waldick, que, coincidentemente, era meu vizinho. Vez por outra Ney Alberto ia lá à ‘minha rua’ visitar Waldick. Chegava, sumia na avenida onde morava seu amigo, e, depois saiam os dois conversando de tal maneira absortos pela conversa que mal se davam conta do que se passava ao redor. Eram tidos, por uns, como super heróis (eu me enquadrava nesse grupo), por outros, os mais ajuizados, como dois malucos que, entre outras coisas, desafiavam às matas das serranias do Tinguá.
 O tempo passou, inexorável, como sempre, e  a compulsão em fazer jornal me tomou. Um vício do qual não pretendo me abster, diga-se:  Primeiro foi a Tribuna de Miguel Couto; depois  foi o Expresso Esportivo; aí  veio a Folha de Miguel Couto, e, finalmente, esse, Folha do Iguassú, que, para minha surpresa, apresenta forte empatia popular (não sei onde acertei!). Desconfio que se deva ao fato de Mostrar a história escondida da Baixada, a história contemporânea, através dos movimentos populares local, e, ainda, a defesa ao Meio Ambiente.
 Um dia, muitos anos após  vê-lo pela primeira vez no Colégio Afrânio Peixoto e pela segunda na Treze de Maio,  resolvi visitar Ney Alberto na Casa de Cultura para conhecê-lo (de fato) e apresentar meu último jornal. A essa época eu já compilava na ‘Folha’ a história da Baixada, com matérias extraídas de um site que narrava informações fornecidas pelo próprio Ney e por outros historiadores. Encontrei-o ‘catando milho’ numa antiga Olivetti mecânica. Quem presencia-se a cena e não soubesse de seus predicados, jamais poderia supor se tratar de um gênio. Arrisquei convidá-lo para escrever coluna no jornal, na condição de colaborador, e, para minha surpresa, aceitou de pronto. Bendito momento! 
 Agradecido e generoso - quando já fazia um ano e pouco que Ney escrevia na Folha, chegou para mim e disse que iria receber uma indenização a qual usaria para publicar um livro e que queria me dar co-autoria na obra. Alegava que antes de escrever na Folha andava meio desmotivado, e, que após ter sua coluna no jornal readquirira o entusiasmo, dado a repercussão obtida.  Não só recusei como fiz ver a ele que, se alguém devia alguma coisa ao outro esse alguém era eu, não ele. Nesse momento passou-me às mãos a brochura do livro que pretendia publicar, com dedicatória à minha pessoa, um tesouro que usarei em seu nome, para mostra seu trabalho e a verdadeira história da Baixada Fluminense, às próximas gerações, se Deus assim o permitir!
 O Ney era uma ‘figuraça’, uma vez, a título de provocação, pedi o número de seu telefone celular. Prá que? A resposta veio como um ‘tiro’. 
-Se me ver algum dia com telefone celular enfiado na orelha manda botar Camisa de Força que estarei maluco! 
 Ney , também, não usava computador, não gostava de dirigir carro e da maioria das coisas que pudesse ser considerada consumismo compulsivo...
 Nessa edição inauguramos em nome de todos os seus seguidores a Página Ney Aberto, numa singela homenagem a um homem que não passou pelo planeta em vão, deixando um vasto legado para o povo da Baixada Fluminense.
                                                Pra mim, o Ney era um AVATAR!

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