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segunda-feira, 27 de maio de 2013

A Transculturalidade como Desafio Epistêmico é o tema que Evandro Vieira Ouriques tratará no Seminário Internacional Museus e Transculturalidade-MAC-Niterói‏


Dia, 27, das 16h às 18h15m
Seminário abre 2a. e vai até 4a.
A Transculturalidade como Desafio Epistêmico é o tema que Evandro Vieira Ouriques tratará no Seminário Internacional Museus e Transculturalidade-MAC-Niterói, cuja coordenação-geral é de Dinah Guimaraens, com apoio CAPES e CNPq
Estarão presentes ao Seminário: 
Guilherme Vergara, Diretor do MAC; Sidney Matos, Vice-Reitor da UFF; José Pessoa, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo; Jacques Poulain, Guilherme Werlang e Zeca Ligiéro, Coordenadores CAPES-Cofecub; e Carlos Alberto Xavier, Consultor do MEC para a Educação Integral

[EVENTO DE ABERTURA RITUAL COM INTEGRANTES INDÍGENAS DA ALDEIA MARACANÃ]

A fala será na Mesa Museus, Território e Artes Transculturais que Evandro mediará e cujos membros são: 

[Werther Holzer], Diretor da Escola de Arquitetura e Urbanismo.EAU.UFF: Paisagem e Arquitetura Vernacular; [Leonardo Guelman], Diretor do Instituto de Arte e Comunicação Social-IACS.UFF: Paisagem e Cartografias do Sertão; [Dinah Guimaraens], Diretora Adjunta do Museu de Arte e Origens, E.U.A, e Profª. do PPGAU-EAU/UFF: Pragmática Transcultural no Museu Vivo; [Carlos Tukano], [Afonso Apurinã], [Carolina Potiguara] e [Luciana Kaingang], Educadores Indígenas: Novos Centros Culturais Indígenas, Experiências Transculturais na Educação; e [Evandro Vieira Ouriques], Coordenador do NETCCON.ECO.UFRJ: A Transculturalidade como Desafio Epistêmico.

-"Compartilharei o fundamento de afirmar que apenas a compreensão epistêmico-experiencial (portanto total, no sentido de Jacques Poulain) do não-dualismo permite que a Academia e os movimentos de transformação a ela conectados escapem da prisão binária entre a 'unidade' (que seria sempre autoritária) e a ‘lógica multicultural da alteridade e diversidade’; cujas ‘políticas de reconhecimento’ não logram transformar direitos sociais e políticos em direitos econômicos diante do fanatismo do mercado e sua estetização econômica. O que incentiva -sem que se queira- a continuidade do epistemicídio. Mostrarei então como mudar psicopoliticamente de atitude e, então, autorizar o lugar do encontro; o lugar do que é comum a todos e todas e tudo; o lugar dos valores societais que biológica e antropologicamente nos une como espécie, e psiquicamente nos sustenta, defrontada com a insustentabilidade da presente mentalidade totalizada pela unidade do consumo; é este defrontar-se criativo que permite encontrar as epistemes originárias, ameríndias, africanas, populares, etc., no que ela têm de sabedoria tangível: integração com a rede das redes, a Natureza. Pois para estas reservas filosóficas da Humanidade a Natureza é viva; e, o Mundo, criado e sustentado: pelo pensamento do tecido; pelo pensamento da pele; pelo pensamento respiratório; quando a Mente é o organismo todo, território mental; e o pensamento, integral; portal e lugar do sagrado."  

E prossegue Evandro: "Estou particularmente feliz por completar este ciclo e re-unir os 55 anos de dedicação ao Serviço Público -21 no MinC e 34 na UFRJ- exatamente na Cidade de Nictheroy, na qual nasci em 1949".

Ele falará transdisciplinarmente a respeito do tema, a partir, claro, da perspectiva psicopolítica da Teoria Social, que sustenta, e da qual o desafio e oportunidade dos Museus é parte decisiva; e falará com a experiência concreta de sua atuação nele, com ele:

(1) durante 21 anos atuou (1980-2001) no embrião do Ministério da Cultura (a Secretaria de Assuntos Culturais do MEC); na Fundação Nacional de Arte (no Núcleo de Fotografia até a histórica criação do Instituto Nacional da Fotografia, como curador -por exemplo da exposição que apresentou Sebastião Salgado ao Brasil, em 82- editor de livros e catálogos e designer de montagens; e no Instituto Nacional de Artes Plásticas, como coordenador de projetos como Visualidade Brasileira -sobre a identidade estética brasileira- e Clarival do Prado Valladares, dedicado à formação de acervos documentais de arte em todas as unidades da Federação e a sua dinamização no circuito de arte local); e no Museu Nacional de Belas Artes, como coordenador do projeto Origens da Cultura Brasileira; e 

(2) e durante 26 anos atuou como Professor de Diagramação e Planejamento Gráfico em Jornalismo e de Linguagem Gráfica, da Escola de Comunicação da UFRJ, período este em que criou o conceito Jornalismo Gráfico, e a metodologia de Alfabetização Visual, a partir de meu método de Diagnóstico Visual Estratégico, processo do qual resultou a metodologia Gestão da Mente, apresentada internacionalmente em 2005. Evandro continua na ECO, agora como Professor de disciplinas orientadas pela perspectiva Psicopolítica da Teoria Social, e portanto da Teoria da Comunicação e Cultura, bem como pela metodologia Gestão da Mente: Comunicação, Jornalismo e Políticas Públicas; Comunicação e Realidade Brasileira; Construção de Atitudes Colaborativas nas Plataformas Digitais, Construção de Utopias e Economia Psíquica Pós-Moderna; Construção de Atitudes Mentais Não-violentas, etc.

21 Anos no Ministério da Cultura. 

"Trata-se de um período muito intenso, brilhante, complexo, de situações-limite, dramáticas, sistemicamente desafiador. Que me ensinou muito a respeito de minhas reações em relação às pessoas quando elas manifestavam a desconexão com o 'sentido' (com a rede) e a incapacidade epistêmico-vivencial de vivenciar o não-dualismo. Foi muito difícil para mim conviver com este padrão mental em grande parte dos pensadores e artistas, brasileiros e internacionais; bem como com a cegueira teórica e operacional de não reconhecer a sobre-determinação do conteúdo do design (suas vinculações com os atributos da unidade transcultural) sobre o 'conteúdo' textual; de uso tão consciente e eficaz, por exemplo na Publicidade e no Marketing. Tudo só fez sentido quando encontrei, através da gestão psicopolítica de minha mente, e do auxílio de profissionais competentes e especializados, tal mentalidade em mim mesmo: é à sua superação, e sobretudo à celebração do que se instaura com ela, que dedico minha Vida". 

Evandro Vieira Ouriques dedica "este trabalho a tão querida Dinah Guimaraens, coordenadora-geral do Seminário, uma amiga muito especial, um anjo e pessoa extraordinária, a quem agradeço a oportunidade, posso dizer, sagrada. Foi Dinah, por exemplo, quem me convidou, no início dos anos 90, para ir para o Museu Nacional de Belas Artes, do qual à epoca era diretora-adjunta. Hoje ela é Diretora Adjunta do Museu de Arte e Origens, E.U.A e Professora do Programa de Pós-Graduação. E muito mais: é a querida Dinah de tantas e tantas pessoas que têm a honra, a felicidade e o estímulo que partilharem a caminhada! Agradeço imensamente ela existir em minha vida!"

Aqui a íntegra do Resumo da palestra de Evandro Vieira Ouriques e sua Minibio e, mais abaixo, o texto de apresentação do Seminário por Dinah Guimaraens:

A Transculturalidade como Desafio Epistêmico 
Evandro Vieira Ouriques
Resumo

O Museu é o lugar da possibilidade do encontro entre culturas e, portanto, o lugar da experimentação total, compartilhada e emancipadora da transculturalidade: quando cada cultura assume psicopoliticamente o julgamento crítico de seus limites, pratica a unidade na diversidade, radicaliza a Comunicação -a base antropológica, psíquica e biológica de toda experiência-, e, assim, escapa -através da presopopéia amplificada na contemporaneidade- de ser capturada pelos mesmos valores da ignorância, ódio e ganância que diz querer superar no plano que chama 'social' e 'político'. 

Mas como fazer isto, se a lógica epistêmica do Ocidente moderno e pós-moderno, e portanto da Academia, é o dualismo, segundo o qual estamos presos entre a 'unidade', que seria sempre autoritária, e a ‘lógica multicultural da alteridade e diversidade’, cujas ‘políticas de reconhecimento’ não logram transformar direitos sociais e políticos em direitos econômicos diante do fanatismo do mercado e sua estetização econômica, dando continuidade assim ao epistemícidio? 

Apenas a compreensão epistêmico-experiencial (portanto total) do não-dualismo permite escapar desta captura, mudar psicopoliticamente de atitude e, apenas então, encontrar as epistemes originárias, ameríndias, africanas, populares, etc., para as quais a Natureza é viva e a Vida pensamento do tecido; pensamento da pele; pensamento respiratório; quando a Mente é o organismo todo, território mental, e o pensamento, integral, portal e lugar do sagrado.  

Como diz Terry Eagleton, a pós-modernidade tem sido acanhada “com respeito à moralidade e à metafísica, embaraçada quando se trata de amor, biologia, religião e a revolução, grandemente silenciosa sobre o mal, reticente a respeito da morte e do sofrimento, dogmática sobre essenciais, universais e fundamentos, e superficial a respeito da verdade, objetividade e ação desinteressada”. 

É por isto que, diante do avanço generalizado do retrocesso em todo o mundo, precisamos de uma outra Teoria Social, na qual a transculturalidade como desafio epistêmico é superado no espaço, no território, na política, na cultura, na universidade. Para termos, então, como defende Jacques Poulain, a estética transcultural na Universidade.

Minibio 

Evandro Vieira Ouriques é coordenador do NETCCON.Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência da Escola de Comunicação da UFRJ, supervisor de pesquisas de Pós-Doutorado em Estudos Culturais, no PACC.Programa Avançado de Cultura Contemporânea, da UFRJ, vice-coordenador do GT Comunicación y Estudios Socioculturales da ALAIC.Associación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación e terapeuta de base analítica, corporal e orgonômica, sendo inclusive consultor da NeuroFocus Psicoterapias. 

Acadêmico Correspondente da Academia Galega da Língua Portuguesa, eleito com Evanildo Bechara em 2012, e Menção Honrosa do Prêmio Jeca Tatu de 1987, da Propeg/Academia Brasileira de Letras, recebeu em 2011 o título de Guerreiro Zulu, da Universal Zulu Nation, e o Prêmio de Melhor Acadêmico do Mundo, o Best Scholar 2010, do Reputation Institute, NY. 

Transdisciplinar desde 1984 (é cientista político, jornalista, designer, gestor cultural, curador e conservador de obras de arte, artista integral, e terapeuta de base analítica, corporal, orgonômica e de Gestão da Mente) e não-dualista desde 2002, dedica-se à elaboração de uma nova Teoria Social a partir de uma perspectiva Psicopolítica e de sua metodologia de transformação cultural, a Gestão da Mente, reconhecida e aplicada internacionalmente, inclusive pelo PNUD, PNUMA e Ministério do Meio Ambiente do Brasil. 

Atuou durante 21 anos no Ministério da Cultura, na Fundação Nacional de Arte e no Museu Nacional de Belas Artes, quando teve por exemplo participação decisiva na histórica criação do Instituto Nacional de Fotografia e coordenou os projetos Exposições do Núcleo de Fotografia da FUNARTE, Visualidade Brasileira, Origens da Cultura Brasileira, Belas Artes Memória e Programa Integrado Clarival do Prado Valladares. 

Criou uma linguagem própria de exposições tratando-as como um fenômeno multidimensional de mídia, como fez por exemplo com a exposição Sebastião Salgado: Fotografias, que apresentou Salgado ao Brasil em 1982. 

É professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Intercultural da Universidad de La Frontera, Chile, lidera GP no CNPq sobre Comunicação e Consciência, e faz parte de outros dois no Brasil (UFJF: NERFI-Estruturas Míticas, Simbólicas e Sociais; e PUC.SP: NEF-Estudos do Futuro), um em Portugal (Religious and Cultural Dialogue between Iberian and Slavonic Worlds), um nos Estados Unidos (Nonkilling Political Science) e outro no Reino Unido (International Policy and Research Group on Territories of Social Responsibility). 

Com publicações na América Latina, Europa e Estados Unidos, organizou para a ONU e UNESCO em 2002 o livro Diálogo entre as Civilizações: a Experiência Brasileira e, no momento, (1) com INTERVOZES e UnB, co-organiza para o International Programme for the Development of the Communication.IPDC-UNESCO livro sobre os Indicadores do Desenvolvimento da Mídia e o Direito à Comunicação; e (2) tem no prelo, no Chile, seu livro La Perspectiva Psicopolítica de la Teoría Social.

A Estética Transcultural na Universidade Latino-americana
Dinah Guimarães, Coordenação-Geral

“A universidade se universaliza inevitavelmente neste horizonte de experiência do homem pela comunicação ao se reconhecer como a forma já dada de qualquer comunicação(...) em relação ao seu ser teórico através de um processo de experimentação dele mesmo sujeitado a este julgamento(...) que é esta experimentação total do homem como elemento do mundo, porque esta experimentação se faz inevitavelmente pela curva de um julgamento da verdade sobre as formas de vida experimentadas como também pelo compartilhamento deste julgamento da verdade. Tal desvio e este compartilhamento de julgamento são universitários tanto em suas formas quanto em seus conteúdos.” 
Jacques Poulain. La condition democratique: Justice, exclusion et verité : leçon inaugurale de la Chaire UNESCO de Philosophie. Paris, L'Harmattan,1998.

Este Seminário Internacional tem como intenção dar continuidade aos trabalhos do projeto acadêmico “A Estética Transcultural na Universidade Latino-Americana” iniciados na Universidade Paris 8-Saint Denis, França durante a missão de trabalho, realizada entre os dias 02 e 22 de maio de 2012, no Departamento de Filosofia da Universidade Paris 8-Saint Denis, integrada pelos Professores Jacques Poulain e Bruno Cany, pela representação francesa; pelos Professores Dinah Guimaraens e Guilherme Werlang da Universidade Federal Fluminense e pelo Professor Charles Feitosa da UNIRIO, pela representação brasileira, além do Professor Tiago de Oliveira Pinto da Universidade HFM Weimar/FSU Jena, pela representação alemã. 

De 16 de setembro a 17 de outubro, o Professor Zeca Ligiéro do NEPAA-UNIRIO esteve ainda na Universidade Paris 8-Saint Denis para desenvolver sua missão de trabalho “A Performance Afro-Ameríndia”. 

Nesse contexto, a famosa frase proferida pelo crítico de arte socialista Mário Pedrosa em outubro de 1975, quando se encontrava no exílio em Paris, desvenda algumas pistas sobre as questões transculturais que perpassam o presente evento: 

”Em países como os nossos, que não chegam esgotados, ainda que oprimidos e subdesenvolvidos, ao nível da história contemporânea,(...) quando se diz que sua arte é primitiva ou popular vale tanto quanto dizer que é futurista”

Um comentário:

Evandro Vieira Ouriques disse...

Gratíssimo pela gentileza! Com amor, e.