Páginas

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Ney Alberto "In Memorian"
CENTO E SESSENTA ALDEIAS INCENDIADAS
Na sanguinolenta ‘obra’ ‘Digestis Mendi de Saa’, de autoria do jesuíta Joseph de Anchieta – na qual bajula Men de Sá, terceiro Governador Geral – encontramos narrativas horripilantes: “Pelo solo corre negro sangue, as matas encharcam de muita sangueira”. Exaltando o comandante da chacina; “Quem poderá contar os gestos heróicos do chefe à frente dos soldados, na imensa mata; cento e sessenta aldeias incendiadas, mil casas arruinadas pela chama devoradora, assolados os campos, com suas riquezas, passado tudo ao fio da espada”.
O Tupinambá – Tamoio praticava a agricultura, tarefa sob a responsabilidade das mulheres. Os homens por tradição, principal, a guerra.
Anchieta se alegra, ao tomar conhecimento da matança: “Já há quinze dias, a estrela da manhã, ressurgindo do fundo do oceano à frente do carro do sol resplandecente, contemplava nosso exército a percorrer densas matas, incendiar casas, talar campos, matar inimigos”. “Era tempo de voltar aos lares, rever as igrejas, casas de Deus, levando em triunfo o pendão da vitória”.
No “teatrinho”, colonialista (“Auto de São Lourenço”), encenado por crianças descendente do pessoal do índio Araribóia, inimigo do Tupinambá, Anchieta – com seu radicalismo – rotula o território (da Baixada) assim: “nação dos derrotados”. Situa nossa Baixada no “fundo do rio” (Rio de Janeiro ou Baía de Guanabara).
O pesquisador - Francisco Manoel Brandão (Dr. Brandão), profundo conhecedor da nossa geo-história, principalmente, do nosso Folk-lore, comentando a respeito dos “derrotados”, argumentou, assim: “O povo que não se submete à escravidão pertence a nação dos vitoriosos”.

Nenhum comentário: