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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Lobsomem

Por: Wandemberg
Baseado em informações, ditas reais, de Selene residente no bairro Jardim Panorama 
Lobsomem
 Num lugarejo afastado da Cidade, um acontecimento periódico trazia pânico aos moradores: O Fato é que quase todas às sextas-feiras os galinheiros daquele lugar eram assaltados durante à noite. Quando isso acontecia um rastro de sangue, penas e galinhas mortas, espalhados para todos os lados, era o que se via. O que se supunha era que algum bicho voraz estaria atacando os galinheiros dos moradores daquela aldeia bucólica. 
 Cada semana que passava o 'senso' das penosas daquele logradouro apontavam para a redução dos números. Se continuasse assim, em curto período de tempo acabariam-se as galinhas, que era uma das provisões mais importantes para a alimentação, e , para a modesta economia do lugar, que subsistia por conta dos lucros provenientes das vendas de ovos e frangos, comercializados por pequena cooperativa montada pelos próprios moradores da localidade, que fornecia sua produção para as Cidades mais próximas. 
 Um belo dia, já desesperados com as perdas, alguém teve a ideia de promover uma encontro para discutir uma medida efetiva para por fim ao problema. Assim o fizeram, e, após, cerca de duas horas de reunião chegaram, enfim, a um denominador comum ao deliberarem que à partir daquele momento, toda sexta-feira iria ter uma família inteira de plantão para, no caso do bicho aparecer, dar o alarme através de som emitido por apitos, do tipo dos usados por árbitros de futebol.  
 Passaram-se duas semanas e o bicho não apareceu. Parece até que sabia do que estavam aprontando para ele. Na terceira semana, porém,  Após  a meia noite, o rebuliço no galinheiro de uma das residencias fez com que a família de plantão desse o alarme e partisse para  acabar com a fera.
 Em questão de segundos o 'apitaço' ecoou pelas redondezas, acordando e arrancando das casas os demais moradores, quase todos munidos de porrete e com seus apitos à boca provocando estridente ruído, que somado à gritaria e o latido dos cães, provocava um barulho, tão ensurdecedor, quanto atemorizador. 
 O fato de não ter energia elétrica no bairro criava uma certa dificuldade para se localizar a 'fera', até que em determinado momento surge, na penumbra de uma das picadas, um vulto perseguido por alguns cães e pessoas. Daí para cercarem-no  durou somente mais alguns minutos. 
 Uma vez dominado, as cacetadas vinham de todas as direções. O bicho, ainda, conseguiu escapar para um terreno baldio, mas para seu azar acabou caindo em um poço onde à vizinhança pegava água e lá ficou tragado pela escuridão. Provavelmente era o fim para o desavisado animal.  Resolveram esperar clarear o dia para pegar o corpo e enterrá-lo.
 Sem imaginar a surpresa que os aguardavam, no dia seguinte, logo cedo, os moradores foram em direção ao poço para retirar o corpo.  Com uma corda içaram - no, e, eis que, já com a luz do sol clareando o ambiente, o corpo de um homem aparece ao final da corda!
- Não é o Seu Frank, marido da Dona Dalva? Disse um. 
- Ele está vivo. Disse outro.
 Logo, muitos reconheceram o equívoco. Seu Frank era um homem bom e muito querido da população. Mas nem todos, alguns, achavam que o vizinho era realmente o "Bicho" que tanto prejuízo causara à população daquela comunidade, e passaram a descriminá-lo, achando tratar-se na verdade de um Lobisomem.
 -Como um ser humano pode aguentar tanta pancada, e  sobreviver? Era a pergunta corriqueira feita pelos que achavam que o homem tinha 'culpa no cartório'.    
 O fato é que nunca mais o problema voltou a se repetir!

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