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quinta-feira, 9 de julho de 2015

Mais coisas sobre Ney Alberto - O Avatar

 Por: Wandemberg
Mais coisas sobre Ney Alberto - O Avatar
De certa feita, lá pelos anos 60 , para que pudéssemos fazer o ginasial (eu e mais cinco irmãos), meu pai alugou uma casa próximo ao centro de Nova Iguaçu, na antiga Rua Treze de Maio (hoje, Luiz Guimarães). 
 Em Miguel Couto onde morávamos só havia nas escolas o curso primário, daí o ‘velho’ chegar à conclusão que ficaria mais barato pagar aluguel do que passagens de ônibus. A ideia era, nos finais de semana, voltarmos para a casa que ficou vazia em Miguel Couto para ‘matarmos’ a saudade do local onde nascemos, regressando na segunda- feira, enquanto a vida seguia seu curso... 

 Em Nova Iguaçu fui estudar no Colégio Afrânio Peixoto onde pela primeira vez vi Ney Alberto que, um dia, no futuro, descobri tratar-se de um AVATAR. Era hora do recreio e, ele, conversava, animadamente, com o diretor, professor Ruy Afrânio Peixoto e com outro homem que tinha os olhos rasgados como um oriental. Mais tarde, fiquei sabendo tratar-se de Waldick Pereira, talvez o maior parceiro de aventuras do Ney. 

 A segunda vez que o vi foi nas proximidades da nova residência na Treze de Maio. Eu, que sempre ‘falei’ razoavelmente bem o ‘idioma da bola’, não tive dificuldade para me enturmar com os novos amigos e jogar na ‘pelada’ que havia diariamente na rua. Numa dessas, no auge da correria,  um dos componentes deu a ordem de ‘parar a bola’ , como era praxe quando vinha alguém passando...  De pronto reconheci o passante. Era a mesma pessoa que participara do papo a três no Colégio. 

 Naquele momento fiquei sabendo que o professor Ney Alberto viera à casa de Waldick que, coincidentemente, era meu vizinho. Vez por outra Ney Alberto ia lá à ‘minha rua’ visitar Waldick. Chegava, sumia na avenida onde morava seu amigo, e, depois saiam os dois conversando, de tal maneira absortos pela conversa que mal se davam conta do que se passava ao redor. Eram vistos por uns como super heróis (eu me enquadrava nesse grupo), por outros, os mais ajuizados, como dois malucos que desafiavam as matas das serranias do Tinguá, corriam atrás de descobertas...

 O tempo passou, inexorável, como sempre, e  a compulsão em fazer jornal me tomou. Um vício do qual não pretendo me abster, diga-se:  Primeiro foi a Tribuna de Miguel Couto; depois  foi o Expresso Esportivo; aí  veio a Folha de Miguel Couto e finalmente esse que, para minha própria surpresa, apresenta forte empatia popular (não sei onde acertei!). Desconfio que se deva ao fato de mostrar a história escondida da Baixada, a história contemporânea, através dos movimentos populares local e, ainda, a defesa ao Meio Ambiente.

 Três anos atrás e cerca de sessenta anos após vê-lo pela primeira vez, resolvi visitar Ney Alberto na Casa de Cultura para conhecê-lo (de fato) e apresentar o jornal. A essa época eu próprio já escrevia na ‘Folha’ sobre a história da Baixada com matérias extraídas de um site que narrava informações fornecidas pelo próprio Ney ,e, por outros historiadores. Encontrei-o ‘catando milho’, com os dedos indicadores, numa antiga Olivetti mecânica. Quem visse a cena e não soubesse de seus predicados, jamais poderia supor se tratar de um gênio. Arrisquei convidá-lo para escrever coluna no jornal, na condição de colaborador, e, para minha surpresa, aceitou de pronto. Bendito momento! 

 Agradecido e generoso - quando já fazia um ano e pouco que Ney escrevia na Folha, chegou para mim e disse que, iria receber uma indenização, a qual usaria para publicar um livro e que queria me dar co-autoria na obra. Alegava que antes de escrever na Folha andava meio desmotivado e após ter sua coluna no jornal readquirira novo entusiasmo, dada a repercussão obtida.  Não só recusei como fiz ver a ele que, se alguém devia alguma coisa ao outro esse alguém era eu, não ele. Nesse momento passou-me às mãos a brochura do livro com dedicatória à minha pessoa, um tesouro que usarei em seu nome, para mostra seu trabalho e a verdadeira história da Baixada Fluminense às próximas gerações, se Deus assim o permitir!

O Ney era uma ‘figuraça’! Certa vez, a título de provocação, pedi o número de seu telefone celular. Prá que? A resposta veio como um ‘tiro’.  -Se me ver algum dia com telefone celular enfiado na orelha manda botar Camisa de Força que estarei maluco! Em outra oportunidade, quando falava das dificuldades em manter o jornal, meteu essa: -Tenho um galo (cinquenta reais) sobrando na carteira se quiser é teu! Ney, também, não usava computador, não gostava de dirigir carro e da maioria das coisas que pudesse ser considerada consumismo compulsivo...

 Após seu passamento inauguramos, em nome de todos os seus seguidores, a Página Ney Aberto no jornal Folha do Iguassú, numa singela homenagem a um homem que não passou pelo planeta em vão. Deixando como herança um grande legado histórico, retirado com grande esforço de cartórios, bibliotecas e remanescentes, para o povo da Baixada Fluminense.
  Por isso que eu digo: O Ney é um AVATAR!

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